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Depois de tanta agitação sobre a importância do turismo para a recuperação económica no pós-Covid, chega como um balde de água fria a notícia da retirada de Portugal da lista verde do Reino Unido. Isto quer dizer que as deslocações de turistas para Portugal ficam agora condicionadas a uma quarentena forçada no momento do regresso. Ora para quem tanto tem esperado pelos meses de verão para ver a sua contabilidade um pouco mais equilibrada a tentação é baixar os braços. Se verde é esperança, a inconsequência da Lista do Reino Unido, traz mais receios que esperança.
É certo que não é só o turismo, mas perder os meses de verão e o capital de esperança torna tudo mais sombrio...Sabemos que o Turismo é uma das nossas âncoras e esperamos poder contar com este setor para a retoma de outras áreas críticas e para o reanimar da situação das famílias.
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Temos acompanhado o esforço de tantas famílias para se manterem à tona da água e percebemos que não podemos abrandar os esforços, em que todos nos temos vindo a empenhar, para que a realidade não danifique a expectativa que temos no futuro pós-Covid. Olhando à enorme quantidade de trabalhadores que dependem do turismo este revés pode representar, pelo segundo ano consecutivo, um impacto na economia e concretamente no balanço orçamental das famílias.
É evidente que não podemos ainda relaxar e tomar decisões impensadas.
Será importante que se tenha em mente que há sempre a possibilidade de haver um revés e, por isso, podemos ter poucas coisas como garantidas ... há poucas soluções reais e nenhumas mágicas.
Nem o dinheiro nem a vacinação serão a solução para todos os problemas, especialmente para os problemas sociais que as crises trazem consigo. Estamos a caminho de uma suposta normalização, mas como já todos ouvimos dizer, o "novo normal" só existirá para os que puderem e conseguirem fazer a retoma, seja para as empresas, seja para os empregados e a preservação dos seus postos de trabalho.
Na Cáritas Portuguesa assinalámos esta semana 1 ano desde que iniciámos a resposta de emergência social à rede Cáritas no apoio às vítimas sociais da Covid-19. Foram desde abril de 2020 até maio de 2021 apoiadas mais de 10 mil pessoas. Falamos de mais de 1700 famílias que, pela primeira vez, recorreram ao apoio da Cáritas. Os números valem o que valem porque, mais do que estes dados, nos importa a história de vida de cada uma destas pessoas. Estes são protagonistas, vítimas e heróis desta pandemia juntamente com todos os que na resposta local e informal, feita na proximidade, lutam, não desistem e não assentam a sua estratégia em interesses políticos ou economicistas, mas sim na retoma das pessoas e das comunidades.
Vai ser possível.