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Daniel Oliveira considera que, nestas eleições presidenciais, o "resultado mais importante é o segundo lugar", uma vez que, afirma, o grande vencedor "já está decidido há muito tempo". No espaço de opinião que ocupa semanalmente na TSF, o jornalista comentou a última sondagem da Aximage para a TSF, o DN e o JN, que atribui, sem surpresas, a vitória a Marcelo Rebelo de Sousa, com maioria absoluta.
Para o comentador, a "grande incógnita" destas eleições é "à esquerda". "É aí que a votação é mais volátil", nota Daniel Oliveira, frisando que este era um curso expectável, pelo facto de o PS não apoiar formalmente qualquer candidato.
Ora, sem candidato oficial, para onde vão os votos do Partido Socialista? Grande parte irá para Marcelo, não duvida Daniel Oliveira, mas há muitos outros que "não se reveem" na presidência deste ou que, mesmo nada tendo contra o atual Presidente, simplesmente "não se consideram do mesmo espaço político". E é aí que entra João Ferreira, o candidato apoiado pelo Partido Comunista Português.
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Na análise de Daniel Oliveira, a "grande surpresa" das últimas sondagens é "a subida de João Ferreira" - algo que acontece mesmo antes do início dos debates entre os candidatos.
O jornalista nota que João Ferreira surge, pela primeira vez, à frente de Marisa Matias e que reúne 20% dos seus votos por exclusão de partes - o que leva Daniel Oliveira a arriscar a hipótese de que estes são votos de eleitores do PS que não querem votar nem em Marcelo nem em Ana Gomes.
O comentador repara que Marisa Matias parece estar no embate com Ana Gomes, face a João Ferreira, pelo segundo lugar na esquerda.
Para Daniel Oliveira, o resultado dos candidatos da esquerda nestas presidenciais é importante pelo impacto que terá nas próximas legislativas.
"O candidato de extrema-direita ficar em segundo lugar, à frente dos candidatos de esquerda - que se dispersaram, do meu ponto de vista, erradamente - teria um peso simbólico", declara. Daria "a André Ventura um papel político que não teve até agora, passando a ser olhado de outra forma pela generalidade das pessoas e pela comunicação social", alerta.
Daniel Oliveira resume, assim, o período de campanha que os candidatos têm pela frente, até ao dia do sufrágio: "Marisa Matias tem três semanas para convencer os eleitores do PS e do Bloco de que também ela pode ultrapassar André Ventura; Ana Gomes tem três semanas para não afastar eleitores; João Ferreira tem três semanas para tentar ganhar uma dinâmica que não tinha antes e seduzir mais eleitores do Partido Socialista - o que obriga a uma grande ginástica no discurso do PCP ; André Ventura tem três semanas para gritar por cima dos outros candidatos - coisa que não se atreverá a fazer com Marcelo Rebelo de Sousa (Ventura nunca se mete com quem tenha mais poder do que ele); e Marcelo Rebelo de Sousa tem três semanas para passear e fingir que está a fazer campanha".
Texto: Rita Carvalho Pereira