Corpo do artigo
A palavra professor não é candidata à iniciativa da Porto Editora "Palavra do ano" (foi em 2018), que seleciona anualmente 10 palavras, "através da análise de frequência e distribuição de uso das palavras e do relevo que elas alcançam, tanto nos meios de comunicação e redes sociais como no registo de consultas online e mobile dos dicionários" desta editora, para que possa ser escolhida por quem pretender participar.
Todavia, continua a ser das palavras mais importantes, e propaladas, nos últimos anos, atendendo a uma conjetura multifatorial adversa, de que apresento alguns exemplos.
A escassez de professores é uma realidade a instalar-se rapidamente no nosso sistema educativo e tende a aumentar e a propagar-se a outras regiões do país, para além de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve. Esta "nuvem cinzenta" ameaça transformar-se numa tempestade de proporções irremediáveis que varrerá a Educação de Portugal. Poderá existir Escola sem professores?
"Dignificação e valorização da carreira docente" é um slogan que se circunscreve diretamente aos professores e que falta concretizar com medidas palpáveis e exequíveis. É urgente dar-se um sinal que aponte no sentido pretendido há alguns anos. Ignorar factos mais que evidentes, até para o comum dos mortais, é continuar a desacreditar uma classe profissional merecedora dos mais rasgados elogios, sedenta de ações promissoras de estabilidade e motivação.
O trabalho extraordinário destes profissionais abnegados, acrescido e desafiante nos anos da pandemia, ocasionou maior respeito e consideração por parte dos pais e encarregados de educação, o que não aconteceu do lado da tutela. A alteração à avaliação iníqua e discriminatória do desempenho docente (professores e diretores) e a renegociação dos 6 anos 6 meses e 23 dias injustamente apagados e, por isso, não contabilizados na carreira dos professores são exemplos e temáticas que devem ser discutidos e solucionados.
Por isto, e por muito mais, é necessário revitalizar e engrandecer a carreira docente!
A carreira deverá tornar-se atrativa, quer para aqueles que nela possam (queiram) entrar, quer para os que já lá estão e, neste momento, encontram-se profundamente desiludidos com as condições inerentes à profissão que elegeram.
Pelo apreço e estima que também os nossos alunos têm pelos seus professores, não me causou estranheza quando numa deslocação a uma determinada turma de uma escola, e sem aviso prévio, os discentes, em coro e em alta voz, gritaram com alma e sentimento "Professora! Professora!! Professora!!!", enquanto abraçavam a sua querida Professora!
O reconhecimento e a valoração transmitidos por estes alunos foram efetivos. Faltam os dos políticos!