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Por certo ouviu nos últimos dias o governo congratular-se com os fantásticos resultados da economia. Crescimento acima da média, inflação a descer, défice tão baixo que até permitiu a um membro do Executivo garantir ao Expresso da semana passada que dava para andar três anos em campanha. Com o nosso dinheiro, quem quer que esteja no poder, está sempre a pensar em festas.
É certo que a oposição, a quem não se vislumbra uma ideia de país, nos vai alertando para o facto de os serviços públicos estarem em decadência e o Presidente, que agora já não leva o governo ao colo, até já avisou António Costa que não chega boa economia e relativa paz social. Ele, Chefe do Estado, também se importa com a política, que é como quem diz: não se comportem como se fossem Donos Disto Tudo, porque senão o jogo acaba mais cedo. O problema é que, como bem lembrava Ana Sá Lopes, no fim-de-semana passado, no Público, "nem Marcelo dissolve, nem a gente almoça".
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Andamos tão entretidos com o SIS e o diz que diz que já nem valorizamos as outras notícias. Mas convém estarmos atentos, porque é também com a saúde dos nossos filhos que se faz o défice tão baixo que até dá para andar em campanha três anos. A manchete de hoje do Expresso diz-nos que os médicos e os enfermeiros denunciaram ruptura de stocks de vacinas e os centros de saúde viram-se forçados a adiar vacinas para crianças. A meio do ano, as vacinas para 2023 ainda não foram compradas. E agora façam silêncio para ouvirem direito a resposta do ministro da Saúde: "é preciso afinar a articulação com o ministro das Finanças".
Esta semana, ficamos a saber que o governo acumulou um excedente orçamental de 962 milhões de euros. Mas não é para vacinas, estão a guardar para a campanha.