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Os dias que antecederam as eleições legislativas do passado domingo foram pródigos em parangonas que preencheram as páginas de alguns jornais (impressos e online), rádios e canais televisivos com notícias que versavam sobre a Escola Pública, invariavelmente a evidenciar os seus defeitos e nunca apontando as suas virtudes. Sem novidade, muitos destes títulos ficavam aquém do conteúdo desenvolvido, atestando um sensacionalismo despropositado. Quem aproveita com isso?
Não obstante, em casos particulares, de forma dolosa, a comparação com a Escola Privada serviu para denegrir, profunda e injustificadamente, a imagem da Escola Pública, e elevar as supostas qualidades da primeira, não contribuindo para a desejada pacificação do setor. Curiosamente, o Congresso das Escolas organizado pelos responsáveis das escolas públicas e privadas, serve para alavancar o ponto de encontro entre estas instituições que sendo distintas, vislumbram pontos convergentes, organizando-se de modo a servir com qualidade e eficácia os públicos a que se dedicam.
Estes ataques à Escola Pública surgem ciclicamente, em períodos aparentemente cruciais, quiçá concertados: vésperas de eleições (legislativas), altura da saída dos incorretamente designados "rankings das escolas", época das matrículas, entre outros. Na tentativa de desacreditar o trabalho diário dos profissionais que labutam nas escolas (professores, técnicos especializados, assistentes técnicos e operacionais...), é assumido um comportamento persecutório de alguns, a quem a Escola Pública muito lhes deu, mas não lhes merece consideração.
Entendo que alguns sindicatos contribuíram, igualmente, para adensar a dicotomia apregoada, entendendo que esse seria o caminho para chegar aos seus desígnios, não cuidando de perceber que estavam a prejudicar a imagem da Escola Pública, quantas vezes, com relatos inflamados pelos discursos politizados dos seus dirigentes. Talvez por isso, a descredibilização resultou numa anormal e crescente desfiliação dos associados, dando voz ao ditado popular: "quem não se sente não é filho de boa gente".
Questiono as pretensões daqueles que estão constantemente a dizer mal da Escola Pública, ávidos por encontrar-lhe defeitos, indiferentes em dar nota da sua virtuosidade. Quão proveitosa será a maledicência com que se atinge o ensino público, por oposição ao mundo maravilhoso (?!) que se romanceia em relação ao ensino privado? Por que motivo alguns insistem em martirizar com os seus comentários e opiniões o trabalho desenvolvido pelos profissionais nas escolas públicas?
Existem inúmeros exemplos de excelentes escolas públicas e privadas, como também evidências de alguns problemas e lacunas a colmatar em determinados casos. Globalmente, o trabalho realizado é assaz credível, proativo e dinâmico, merecendo ser devidamente divulgado por todos, também por aqueles que insistem na tentativa de vilipendiar (sempre a dizer mal!) a Escola a quem muito estão a dever, pelo menos o devido respeito.