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O que se passa no Porto com a Marcha do Orgulho LGBTQIA+, e o arraial que se segue à marcha, é a autarquia a dizer que tem vergonha do orgulho que aqueles portuenses sentem por se afirmarem pessoas por inteiro, assumindo a sua orientação sexual. O simples facto de quererem esconder a festa na Quinta do Covelo é a prova provada de que a marcha é absolutamente necessária e de que a festa se deve fazer à vista de todos e com toda a segurança. Foi preciso esperar décadas para que estas pessoas pudessem sair do armário onde se viam forçadas a viver, não pode haver quem queira empurrá-las de novo para lá.
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Não há nada a esconder. A liberdade, a liberdade de todos e não apenas a das pessoas LGBTQIA+, pede aos marchantes que regressem ao improviso, que não se deixem condicionar e dancem e cantem onde lhes apetecer. A Marcha do Orgulho não é apenas sexualidade, é, sobretudo, identidade. Com tanto caminho que falta percorrer para que a sociedade encare com naturalidade as pessoas transgénero ou as não binárias, querer esconder um arraial onde se celebra a diferença é querer impedir-nos de sentir orgulho pelo tempo a que pertencemos: um tempo em que estando tanta coisa por fazer, muito já foi feito.
As famílias que oprimem os direitos das pessoas LGBTQIA+ precisam de se lembrar que a afirmação de uma identidade ou de uma opção sexual não é um capricho e, menos ainda, é feito contra alguém. Lésbica, Gay, Bissexual, Trans, Queer são apenas os filhos de alguém a quererem ser felizes, o desejo mais comum na humanidade. Custa assim tanto perceber? Pode ser o seu filho ou a sua neta, quer mesmo roubar-lhes esse direito? Quer mesmo fechá-lo ou fechá-la num armário? Nem que o armário tenha a dimensão da Quinta do Covelo, muro nenhum será capaz de travar a felicidade de quem a procura.