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O uso do digital em contexto escolar (sala de aula, recreios e outros espaços) é o tema que está, nas últimas semanas, a merecer o debate que há muito se solicitava, embora ainda muito focalizado na utilização dos telemóveis, tendo-se assistido, e bem, a opiniões explanatórias muito relevantes, provenientes de intervenientes dos vários quadrantes do processo educativo, incluindo especialistas e investigadores. Mas de todos?!
Na verdade, tem faltado ouvir elementos essenciais. Recorrentemente, os alunos não são convocados para a discussão de assuntos cuja aplicação prática os implica em pleno e, seguramente têm uma posição plausível, tal como os demais. "Dar voz aos alunos" é um lema admirável se nos propusermos transpô-lo para a prática, em benefício de uma cidadania ativa e responsável.
Também é sensato colher o parecer dos pais e encarregados de educação, atores educativos coadjuvantes, e, amiúde, deixados à parte de discussões que lhes dizem diretamente respeito. Ainda que, por vezes, a atitude de alguns atrapalhem a vida das escolas, a sua colaboração é sempre prestimosa e indispensável.
Os professores, diretores, técnicos especializados e superiores, assistentes administrativos e operacionais, tendo em conta a qualidade de atuação em diferentes níveis do processo de ensino-aprendizagem, bem como do desenvolvimento dos alunos, são agentes educativos de excelência, mormente os dois primeiros, pelo que as suas apreciações afiguram-se de valor superior.
Na minha opinião, a estratégia de auscultação acima apresentada, deverá ser efetuada em cada comunidade educativa e, só após, se necessário, serão adotadas/alteradas as regras conducentes à melhoria do ambiente escolar, do processo ensino-aprendizagem e de um crescimento cada vez mais harmonioso dos nossos jovens.
É útil ter em conta os cenários de outros países, e refletir sobre práticas em vigor há mais anos ou que foram revistas no superior interesse dos alunos e da Educação, balizadas pelo que são as nossas realidades e contextos.
Aceitando possíveis orientações provenientes da tutela (muitas vezes pressionada a posicionar-se pelo debate em curso), a autonomia das escolas, também neste particular, não deverá ser usurpada, cientes de que as "realidades digitais" são diversificadas, variam de escola para escola e, certamente, quem está no(s) terreno(s) decidirá de forma mais sábia.
O debate mostra-se pertinente e deverá preservar o entusiasmo e a correção que têm sido assinalados. As comunidades educativas sairão mais enriquecidas com uma decisão emergida da colaboração coletiva.