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A pandemia oscila, estrebucha, cede um pouco, mas não vai embora e sentimo-la como ameaça constante.
Ansiamos todos pelo momento em que poderemos, confiadamente, abrir, avaliar, deitar contas à vida e caminhar.
Fica cada vez mais difícil olhar o horizonte, preparar iniciativas, rever a ação e tomar decisões. São tantas as palavras novas ou mais frequentes...
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Desde logo Covid-19, medo, doença, isolamento... vírus, quarentena, imunidade comunitária, vacina, confinamento, cerco sanitário, distanciamento social, profilático, ventilador ... layoff, moratórias, proteção do emprego, teletrabalho ... mas também, desemprego, falência, despejo...
Não conhecemos o futuro nem sabemos o que nos espera em casa, na família, na saúde, no negócio, no rendimento, no emprego, na nossa cidade, aos nossos amigos, no nosso país.
Na crise vivemos amparados pelo Estado, pelos Programas, pelas iniciativas legislativas de proteção, pelas instituições e na retoma? E que retoma?
Eu vi a solidariedade acontecer porta-a-porta com a crença, a inspiração, o propósito, a dedicação e a doação de todos os setores e muito pelas ações de uma rede informal que se ultrapassa para acudir e para cuidar. É uma fortuna que temos e que aparece sempre que tudo parece estar perdido.
Vivemos na esperança do que nos trará a retoma, sonhamos com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas ainda vivemos em perigo e todas as lições deste tempo têm de contar para planear o futuro. O PRR não vai poder ser a panaceia para a crise económica e social, criar resiliência e garantir a certeza de um futuro incerto, acho que temos todos de encontrar, com coragem, o nosso papel.
Temos de ter metas corajosas e investir desde já nas crianças, único garante do futuro. Encontrar novos modelos de intervenção e novas respostas sociais. Mais do que a construção física temos de construir soluções flexíveis e adaptáveis às crises, aos tempos e ás oportunidades.
O que penso é que temos de encontrar caminhos de resiliência e priorizar a atenção sobre as crianças para poder olhar mais longe.
Mas não acontece só cá... vai pelo mundo. E "lá longe" quando a esta crise, se junta a guerra e o sofrimento, não podemos deixar de nos "desconfortar". Fica uma palavra para o que assola muitas crianças e acontece em Jerusalém onde sofrem tanto os judeus como os palestinos que precisam de ajuda para conseguir paz.
Fica uma palavra para Irmã Bridget Tighe, diretora da Cáritas de Jerusalém "que está junto da população a tentar reerguer aquilo que semanas de tensão e de confrontos destruíram. Que está também a fazer um trabalho que é imprescindível numa situação como está que é o cuidar integral da pessoa. Ajudando a enfrentar o luto e as situações de trauma psicológico."
Bem-haja quem persegue e luta pela paz e cura a doença e a destruição.