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A Inteligência Artificial (IA) veio para ficar, mas pode precisar de balizas. De saída da Google, um dos criadores da IA alertou para os perigos da tecnologia. Geoffrey Hinton, considerado um dos criadores da Inteligência Artificial, em carta escrita ao New York Times, alertou para os perigos que a IA pode trazer ao mundo. Depois da carta, em entrevista à BBC, avisou que os perigos que os novos chatbots apresentam são "muito assustadores". "Neste momento, não são mais inteligentes que nós, ao que me parece. Mas penso que brevemente vai acontecer".
Hinton é um investigador e um dos pais de sistemas de Inteligência Artificial como o famoso ChatGPT. Na Inteligência Artificial, as redes são semelhantes à do cérebro humano, na forma como se aprende e processa informação. Hoje, ainda não têm o nível de inteligência dos humanos, mas Hinton crê que, mais cedo do que tarde, podem ultrapassá-los. "Precisamos de ter cuidado com a Inteligência Artificial, que está a progredir. Precisamos de nos preocupar", alertou.
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Se a IA cair em mãos erradas, os robots podem ser utilizados para fins anti-éticos ou até maléficos e esse é "o pior cenário que podemos imaginar. Por exemplo, pensemos numa pessoa como Vladimir Putin que pode vir a decidir dar aos seus robots objetivos que podem servir para a conquista de mais e maior poder", refere o investigador. Diz-se assustado com a própria criação na qual trabalhou uma vida e chegou agora "à conclusão de que a inteligência que estamos a criar é diferente da que temos. E a grande diferença é que com os sistemas digitais podemos ter cópias exatas de outros robots. Todos estes robots podem aprender separadamente, mas rapidamente partilhar aquilo que aprenderam".
Os governos não foram esquecidos nesta equação, Hinton defende que os decisores políticos têm de ter um papel na criação de medidas para controlar a Inteligência Artificial, em particular para se saber os limites e quando parar, caso esta fique fora do controlo dos inventores.
Até 2022 as indústrias mundiais já investiram 118 mil milhões de dólares em soluções de Inteligência Artificial e em 2023 a escalada vai continuar. Um estudo desta semana, realizado pela IDC, revela que a aposta nesta área pode ultrapassar 500 milhões de euros em Portugal, até 2025. O relatório IDC Future of Intelligence antevê um crescimento anual médio de 18% e que tocará todas áreas. É caso para dizer que a procissão ainda vai no adro e mais vale prevenir agora do que tentar remediar a situação quando o andor chegar ao seu (bom ou mau) destino.