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A visita do Papa Francisco a Portugal encontra-se no seu penúltimo dia e é justo reconhecer que, até ao momento, a organização deste mega evento, com epicentro na capital, tem correspondido com nível de excelência. Abrangendo o país inteiro, desde as paróquias às escolas, das câmaras municipais às juntas de freguesia, das famílias às mais diversas instituições, todos souberam receber e dar o seu melhor, mostrando ao mundo que os portugueses são um povo maravilhoso.
O primeiro discurso deste querido Papa, proferido no Centro Cultural de Belém, foi assertivo e desafiante, criticando o Ocidente, que na ânsia de conquistar o progresso, despreza investimento no "verdadeiro capital humano que é a educação, a saúde, o estado social".
Foi marcante a ordem que enunciou os três pilares estruturantes de qualquer Estado democrático, vindo a Educação em primeiro. O reconhecimento foi intencional e inequívoco, pese embora recebido sem qualquer pretensiosismo por quem diariamente, com escassez de recursos, faz o melhor do melhor.
No discurso aplaudido por todos foi gratificante perceber o carinho dedicado por Sua Santidade aos mais jovens - perfeitamente enquadrado com a Jornada Mundial da Juventude, mas estendeu-o também aos mais velhos, reprovando o "descarte dos idosos", merecendo longos aplausos das inúmeras pessoas presentes.
E o que ficará desta jornada tão importante para o mundo, mas também para Portugal?
Na área que me é tão cara, considero que, atendendo ao momento crítico por que está a passar a Escola Pública, não será necessário qualquer milagre quer para um arranque em paz quer para a estabilidade do próximo ano letivo no seu decurso, se nos próximos dias existir um sinal claro do Presidente da República (PR), e posteriormente da tutela, que aponte para o terminus do braço de ferro que dura há largos meses. Os docentes e as estruturas representativas, não se sentirão confortáveis se o PR promulgar o diploma da progressão de carreiras de professores, só com a ligeira alteração introduzia pelo governo de "não dar a negociação por encerrada".
Aliás, esta mudança meramente semântica, ao contrário de contribuir para a Esperança de que tanto falou o Papa Francisco, concorrerá para acicatar os professores, tão necessitados de um ano letivo tranquilo e bem-aventurado, mas percebendo a inevitabilidade das anunciadas greves e outras formas de luta.
As últimas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa vão no sentido de promulgar o diploma com a pequena alteração acima indicada, um enorme balde de água fria derramado em profissionais competentes e dedicados, desgostosos com o tratamento inadequado e desproporcionado perpetrado por quem os governa.
Será que a presença do Papa Francisco no nosso país, as palavras iluminadas e a magia com que nos tocou e inspirou, contribuirá para operar o tão desejado milagre na Escola Pública?
Deus permita!