Diogo Lacerda Machado é o melhor amigo de António Costa. Fantástico, tragam para as relações de Estado a transparência que, por certo, têm nas relações pessoais.
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O facto de Diogo Lacerda Machado ser o melhor amigo de António Costa devia obrigar o primeiro-ministro a ter cuidados redobrados e não o contrário. A verdade é que se não havia contrato, não era possível aferir a existência de eventuais incompatibilidades entre a representação do Estado e a actividade profissional do advogado no privado. Mas também não chega ter um contrato, é preciso que nos digam que interesses do Estado é suposto Lacerda Machado estar a representar quando se envolve na TAP, no BPI ou nos Lesados do BES. É que o barato e o caro não podem ser definidos, apenas, pelo valor do contrato. Sem receber nenhum pode ser muito caro, se o Estado perder dinheiro na negociação, e sendo pago principescamente pode ser muito barato, se o Estado beneficiar do negócio. Também é transparência conhecer os resultados das negociações que são conduzidas por Lacerda Machado e isso nós vamos sabendo.
Sem hipocrisias, é preciso recordar igualmente a evidência de que Diogo Lacerda Machado já tem um grande ganho profissional no privado, quando é percepcionado, no mundo dos negócios, como o negociador preferido do primeiro-ministro. Alguém tem dúvidas do interesse que tem para as empresas poder contar com o trabalho do advogado que o país inteiro sabe que, para além do melhor amigo de António Costa, é o negociador em que o primeiro-ministro mais confia?
Podemos ter como certo que quando envolve o Estado, o segredo não é alma do negócio, a transparência é que é a alma do negócio.