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Agora, já só faltam dez jornadas. Daqui até maio ficará tudo esclarecido, sem paragens, depois da última pausa para as seleções nesta temporada. É a fase determinante do campeonato.
Por ora, não há qualquer dado adquirido, porque continuam ainda sem resposta definitiva todas as interrogações. A começar pelo título, embora seja uma evidência que o Sporting está numa posição tão vantajosa - e com uma dinâmica de conquista notória - que poucos (ou nenhuns) acreditam que a equipa leonina não seja coroada campeã.
A manter-se esta distância de dez pontos para o segundo, Ruben Amorim e os seus jogadores estão a sete triunfos de colocar um ponto final no assunto. Portanto, dir-se-ia que a contabilidade leonina passa a ser feita ao contrário, ou seja, em contagem decrescente: sete, seis, cinco...Assim sendo, esta deslocação a Moreira de Cónegos pode representar o primeiro dos últimos passos para o trono.
É certo que o Moreirense poderá constituir uma das mais difíceis barreiras até ao fim do campeonato, basta olhar para os dois empates nas últimas três épocas e para a carreira que está a efetuar nesta.
Também é certo que esta interrupção para as seleções retirou quase uma dezena de jogadores ao Sporting, mas não é crível que o desgaste físico supere a motivação elevada. De resto, Nuno Mendes, Palhinha e Porro só têm razões para ter o moral em cima e os sub21, então, devem estar nas nuvens. Nota adicional: o Sporting é o último a entrar em cena, conhecendo já os desfechos da concorrência. Não significa muito, mas dá sempre jeito.
Depois, há tudo em resto em questão, porventura o lado mais escaldante da reta final. Concretamente a luta pela Champions, com o trio FC Porto, Benfica e Braga a pensar exatamente na mesma coisa: uma entrada direta ou, na pior das hipóteses, os sempre incómodos pré-eliminatória e play-off. Ser uma espécie de "sobra" para a Liga Europa é que não é opção.
Neste contexto, o quadro do FC Porto é distinto dos restantes. É a única equipa nas competições europeias e Sérgio Conceição tem de recorrer a um critério muito rigoroso para lidar com tudo isto. Os dragões acreditam que é possível chegar às meias-finais da Liga dos Campeões, mas também sabem que precisam de ganhar os jogos do campeonato, pois não segurar o segundo posto colocaria em risco uma receita imperiosa para o clube. Uma equação que os obriga a vencer internamente sem comprometer a eliminatória com o Chelsea.
Nesta sequência, recebe o Santa Clara, joga com o Chelsea em Sevilha, desloca-se a Tondela, outra vez o Chelsea na Andaluzia e, depois, o Nacional na Madeira. Quer isto dizer que o FC Porto, ao contrário dos seus concorrentes diretos, tem aqui um "prolongamento" da cadência de jogos com que lidou antes.
Para o desafio com os açorianos tem ainda a condicionante dos recentes jogos das seleções, por duas razões: por um lado, a ausência do maior número de jogadores (13) e alguns deles com utilização intensa (Corona, Mbemba); por outro, um tempo de recuperação menor do que os dos concorrentes, que só jogam dois dias depois.
Cabe a Conceição decidir, embora nomes como Sérgio Oliveira e Taremi sejam óbvios contra o Santa Clara, já que os dois melhores marcadores da equipa estão impedidos de defrontar os ingleses na primeira mão.
Quanto a Benfica e Braga, teoricamente, têm confrontos menos problemáticos. Em teoria se olharmos unicamente para o facto de Marítimo e Farense serem duas equipas que estão nos últimos lugares da classificação. Mas isto pode ter uma outra leitura.
Sem qualquer dúvida, do ponto de vista individual e coletivo, águias e arsenalistas são claramente melhores do que os seus antagonistas. Simplesmente, tanto os madeirenses como os algarvios estão a travar uma luta pela sobrevivência que pode gerar problemas acrescidos a quem os defronta.
É que, se é verdade que os lugares cimeiros são importantes do ponto de vista europeu, as pontuações na metade inferior da tabela estão de tal modo complicadas que pode dizer-se que quase todas as equipas que lá se encontram correm o risco de despromoção.
Por consequência, Marítimo e Farense vão querer nem que seja um ponto para continuarem a sonhar. Logo, Benfica e Braga têm de recorrer às suas melhores soluções para ficarem em vantagem o mais cedo possível. E evitar os tais problemas...
PS: Enquanto a seleção principal iniciava a qualificação para o Mundial, os sub21 passeavam classe no Europeu. Em maio há quartos-de-final com a Itália. Nós acreditamos.