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Inicia-se, na próxima semana, a última etapa de um ano letivo recheado de acontecimentos, quantos deles surpreendentes e inesperados, estando ciente que "só a incerteza é certa".
A greve por distritos, a encetar, deste feita, no Porto, será uma reedição da realizada há uns meses, obtendo uma adesão substancial. Com revigorado fôlego e conjugada com novas manifestações, acampamentos, greves diárias (vulgo, por tempo indeterminado), entre outras iniciativas, servirá para continuar a expressar, em pleno espaço público, o descontentamento de uma classe que, desde praticamente o primeiro dia do ano, não para de lutar para que as suas justas reivindicações sejam satisfeitas.
No entanto, a realidade reveste-se do negrume de um passado por cumprir!
O diploma aprovado em Conselho de Ministros, relativo ao novo modelo de recrutamento e colocação de professores, não mereceu a concordância dos sindicatos, encontrando-se nas mãos do Presidente da República, a quem cabe agora decidir o seu destino. Paralelamente, encontra-se a chegar ao epílogo a discussão do diploma que aborda os temas que os sindicatos desejariam que convocassem propostas sérias e acertadas - "os reais problemas dos professores", de onde sobressai a recuperação do tempo de serviço congelado como principal objetivo.
Em breve, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa terá em mãos duas das mais escaldantes "batatas" desta luta, que originará uma de 3 decisões possíveis: promulgação, veto ou envio dos diplomas para o Tribunal Constitucional. Tendo em conta a complexidade do problema, ouvirá, mais uma vez, os docentes, aguardando pelas respostas às questões que endereçou ao Ministério da Educação, deixando, por isso, o país educativo expectante pelo veredicto.
Por tudo isto, estou convicto que as primeiras semanas da última etapa do ano letivo (se não todo o período letivo) serão muito semelhantes às anteriores, pese embora sem serviços mínimos à vista, porém com a mesma intenção e intensidade a marcar o braço de ferro entre o ME e os sindicatos de professores.
É indispensável o regresso da paz e estabilidade às escolas públicas portuguesas, pois o desgaste que a presente situação provoca em todos é imenso, com marcas (e mágoas) que perdurarão indefinidamente no tempo, resultando numa cissura indesejada e fortemente prejudicial para o bem-estar e felicidade das comunidades educativas.
A recuperar da pandemia, perante uma guerra ignóbil com consequências imprevisíveis, a sentir os efeitos de uma crise económica sem fim à vista, é já tempo da necessária reconciliação das partes em conflito, acreditando numa solução que possa não ser tudo, mas que se impõe que não seja (quase) nada.