Corpo do artigo
A Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP decorre ao jeito de uma novela venezuelana. Enquanto se tentam apurar culpas e perceber como vários ministros estão verdadeiramente implicado em todo o processo, que envolve despedimentos e indemnizações milionárias, as atenções desviam-se do que é importante para o futuro do país: o novo aeroporto da grande Lisboa.
Na próxima terça-feira vai ser apresentado, em detalhe, o Magellan 500 Airport, mais conhecido como aeroporto de Santarém. A hipótese de construir um aeroporto mais distante da capital do que todas as outras opções já em cima da mesa incomodou muita gente e muitos interesses, mas os promotores não desistiram da ideia.
TSF\audio\2023\04\noticias\09\09_abril_2013_a_opiniao_de_rosalia_amorim
A iniciativa, no próximo dia 11, inclui a assinatura de um acordo de cooperação intermunicipal entre as Câmaras de Santarém, Golegã, Torres Novas e Alcanena, que querem assim demonstrar ao governo que estão unidas nesta causa. O Convento de São Francisco acolhe o encontro de manhã e de tarde a população é convidada a participar na sessão de apresentação pública.
O projeto de construção de um aeroporto na região de Santarém é para passageiros e muitos agentes de turismo uma miragem, mas, por outro lado, são vários os grupos empresariais que veem ali potencial de instalar uma infraestrutura que, estando mais a norte do Tejo, possa servir melhor a indústria, comércio e serviços. A proximidade de cinco autoestradas e da linha de comboios do Norte foram fulcrais para acreditar na viabilidade desta opção.
Os promotores do projeto Santarém, cujo rosto é Carlos Brazão, admitem que o arranque da operação, na sua versão mais simples, implica um investimento de pelo menos mil milhões de euros. Admitem também que a infraestrutura possa começar por servir o mercado empresarial e, numa segunda fase, o mercado de passageiros e turistas.
Se Santarém for a localização escolhida pelo Governo e vir luz verde no âmbito da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), acreditam que o aeroporto possa estar pronto e com o primeiro avião no ar em 2028. Está na mão do governo decidir o que quer e onde quer, até final do ano.
Até lá, o aeroporto da Portela volta atravessar mais uma situação de caos esta Páscoa e os agentes turísticos anteveem o mesmo para o verão. O número de passageiros do aeroporto de Lisboa cresceu 13% em janeiro e 19% em fevereiro em relação aos mesmos meses do ano de pré-pandemia, 2019, segundo dados da Autoridade Nacional da Aviação Civil.
Nesse ano, a Portela serviu 31 milhões de passageiros e prepara-se rapidamente para ultrapassar esse número ainda este ano. Se a Portela já estava congestionada antes, nos meses de junho a setembro as dificuldades vão avolumar-se e nem a decisão do novo aeroporto sai, nem as obras na Portela avançam.
Face à inação, os passageiros esperam e desesperam e um dia podem mesmo desistir de voar para Lisboa. Depois, todos vão choramingar e queixar-se dos destinos concorrentes. Mas lágrimas não pagam contas nem ajudam ao crescimento. Por isso, os senhores governantes têm de despachar-se antes que seja tarde demais.