Corpo do artigo
Na passada terça-feira, dia 7 de Dezembro, assinalaram-se os oitenta anos do ataque a Pearl Harbor levado a cabo pelo então Império do Sol Nascente. Bem, oitenta anos depois como podemos caracterizar a relação entre Washington e Tóquio?
Em 1941 e em consequência do ataque nipónico os EUA entravam no conflito mundial. Num primeiro momento contra o Japão e tendo como aliado a República da China e, é claro, sendo teatro de guerra o Pacífico. Num segundo momento e após a declaração de guerra da Alemanha os EUA entravam na Segunda Guerra Mundial a todo o vapor.
Em 1945, a derrota do Império do Sol Nascente levou a um reequilíbrio na região do Pacífico: o Japão ocupado e os seus líderes julgados (embora nem todos) sendo que a China terminava a guerra consolidando a sua posição internacional, nomeadamente, como um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
TSF\audio\2021\12\noticias\09\09_dezembro_2021_raquel_vaz_pinto
Voltando ao Japão então como caracterizar a sua relação com os EUA? Desde então, embora nem sempre linear (mesmo longe disso) a relação entre estes dois países foi sendo testada e reforçada e é hoje um pilar muito importante não só do Pacífico, mas também a nível global.
Em 1941, ninguém diria que oitenta anos mais tarde o Japão seria uma democracia liberal; uma das maiores economias e com marcas internacionais facilmente reconhecidas; grande contribuinte em matéria orçamental da ONU e em particular na ajuda ao desenvolvimento; ninguém diria um país constitucionalmente impedido de fazer a guerra; ou que teria desafios comuns aos EUA, tais como lidar com a China a nível mundial.
É, aliás, esta mudança de poder na região que levou à criação japonesa (através de Shinzo Abe em 2007) do conceito do Indo-Pacífico e com o qual se engloba, desde logo, a Índia e a Austrália. Entre Nova Deli, Camberra, Tóquio e Washington temos os quatro pilares do Quad (a versão abreviada de Diálogo de Segurança Quadrilateral).
De facto, se pensarmos bem oitenta anos depois o aliado e o rival dos EUA trocaram de lugares. E nesta contenda lá longe no Oceano Pacífico podemos pensar que não somos ou seremos afectados. Pelo contrário, as presenças chinesas e japonesas nas economias pelo mundo fora não deixam ninguém indiferente.
Oitenta anos depois a relação entre o Japão e os EUA é diferente. E muito importante tendo em consideração a vitalidade de uma aliança que tem sobrevivido e prosperado no tempo e que tem pela frente o maior desafio do século XXI: como melhor lidar com a China?