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Ao longo destes últimos dias temos assistido com surpresa, eu diria uma boa surpresa, à articulação de respostas por parte de líderes políticos, de empresas e de cidadãos face à invasão russa da Ucrânia.
Em matéria de liderança política e sem ter em consideração o presidente ucraniano Zelensky, cuja coragem e fibra parecem quase extraterrestres, gostaria de destacar três exemplos.
À cabeça, a declaração da Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, que apresentou um conjunto de medidas de forma muito clara. De todas as medidas a que mais me impressionou foi a relativa a órgãos de comunicação russos. Nas suas palavras: "Numa decisão sem precedentes, vamos banir da União Europeia a máquina de comunicação social do Kremlin. A Russia Today e a Sputnik, que são do Estado russo, bem como as suas subsidiárias não mais poderão espalhar as suas mentiras para justificar a guerra de Putin e para semear a discórdia na nossa União. Neste sentido, estamos a desenvolver ferramentas para banir desinformação tóxica e prejudicial na Europa."
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O segundo discurso que quero destacar foi o do chanceler Olaf Scholz no Parlamento alemão. Faltam-me adjectivos para descrever o alcance e o impacto deste discurso de mudança, de ruptura face às tradicionais segurança e defesa alemãs. Há muito sumo nas suas palavras, mas as mais marcantes talvez sejam estas sobre Putin: "(...) não há dúvidas que Putin quer construir um império russo. Ele quer redefinir de forma estrutural o status quo na Europa de acordo com a sua visão. E não tem quaisquer escrúpulos em utilizar a força militar para o fazer. Hoje vemos isso na Ucrânia (...)." E mais à frente apresenta a sua visão para o que devem ser as Forças Armadas alemãs: "É evidente que temos de investir muito mais na segurança do nosso país. De modo a proteger a nossa liberdade e a nossa democracia. Este é um desígnio nacional."
Por último, o habitual discurso do Estado da União do Presidente dos Estados Unidos da América. As palavras de abertura de Joe Biden foram na mouche e, é claro, dirigidas à Ucrânia. O Presidente norte-americano destacou o "triunfo sobre a tirania" e como "ao longo da nossa História aprendemos a lição de que, quando ditadores não pagam um preço pela agressão acabam por causar um caos ainda maior".
Só as próximas semanas, os próximos meses dirão se estas palavras inspiradoras terão o sucesso e o impacto pretendido.
Da minha parte, espero bem que sim.