Prevê-se uma assembleia geral muito combativa. Não vai ser uma "conversa agradável", admitiu o vice-presente do American Foreign Policy Council, Ian Bernan, ligado ao Partido Republicano.
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Donald Trump vai, certamente, aproveitar o palco global que é a Assembleia Geral da ONU e a reunião do Conselho de Segurança a que preside, na próxima quarta-feira, para pressionar o Irão, apelar a um reforço das sanções contra a república islâmica e insistir na ideia de que o acordo nuclear assinado com Teerão pela administração Obama, Reino Unido, Alemanha, França, Rússia e China é um mau acordo, que não permite parar o desenvolvimento do programa nuclear iraniano nem evita que o Irão continue a financiar atividades e grupos terroristas, como o Hezbollah no Líbano.
Os efeitos deste cerco da Casa Branca à República Islâmica já se fazem sentir há algum tempo. Por temerem represálias norte-americanas, as companhias aéreas Air France e British Airways deixaram de voar para Teerão.
Há dias, o jornal online Politico antecipava que o presidente norte-americano iria usar o discurso na Assembleia Geral para condenar o Irão por espalhar aquilo que Trump considera ser o caos e o terror no Médio Oriente. Mas também avançava que vários aliados estratégicos dos Estados Unidos iriam usar esse mesmo fórum global, na sede da ONU, para dizer que é ele, Donald Trump, que constitui uma ameaça à paz global.
Correntes mais próximas do Partido Democrata dizem que Trump fala para a sua base de apoio, para o presidente de Israel e para alguns estados árabes sunitas, mas pode de algum modo expor os Estados Unidos a um certo isolamento perante os parceiros internacionais, especialmente depois de ter rompido unilateralmente o acordo nuclear com o Irão.
Talvez interesse a Trump trazer o tema Irão para dentro do pacote onde está a Coreia do Norte e fazer incidir o discurso mais na questão da não-proliferação. Aí, sim, conseguiria não hostilizar as posições dos aliados tradicionais dos Estados Unidos, caso isso ainda seja coisa que interesse ou preocupe Washington.
E, nesta altura, as potências europeias trabalham em medidas para diminuir o impacto das sanções americanas sobre o Irão, uma vez que a Europa entende o acordo nuclear como essencial para a segurança do continente, da região do Médio Oriente e para o mundo. Além disso, a China e a Rússia continuam a negociar com o Irão.