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O PSD colocou um cartaz na rua garantindo que se fosse governo aumentava as pensões em 8% de acordo com a lei, e o governo garante que os pensionistas não perderão um euro, face ao que estava previsto, no próximo ano. Em 2024 a história será outra, o PSD não estará no governo e poderá continuar a dizer o que acha mais conveniente, mas o governo do PS não atualizará as pensões tendo por base os aumentos que deveriam ter ocorrido e não ocorreram.
Estes mil milhões que andam perdidos na propaganda política, com um bocadinho de esforço, vamos encontrá-los no célebre debate das rádios, faz amanhã exatamente sete anos. Na altura, como agora, António Costa não conseguiu ser claro sobre o que pretendia fazer com a sustentabilidade da Segurança Social e acabou vencido, neste particular, por Passos Coelho, que até queria cortes maiores.
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Luís Montenegro era líder parlamentar do PSD e alinhava com Passos na necessidade de cortar nas pensões em pagamento, como forma de dar esperança de vida às pensões que se formavam para quem ainda estava no ativo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e muda-se a perceção de que, afinal, o voto dos pensionistas não são um feudo socialista. Não é provável que o PSD consiga fazê-los regressar, mas talvez a ideia seja apenas a de evitar que o PS tenha neste eleitorado o maior dos trunfos para colecionar vitórias.
Estes truques do Bloco Central, de partidos gémeos que dizem uma coisa quando estão na oposição, mas mudam de ideias quando chegam ao governo é que ainda vai permitindo dar esperança aos pensionistas do futuro. Mas é possível fazer muito mais.
Regressamos ao debate de 17 de setembro de 2015. Talvez fosse bom que, tanto Luís Montenegro como António Costa, escutassem o momento em que Passos desafia o líder do PS para uma convergência: "Estou tão convencido da relevância de uma reforma séria na Segurança Social que, quer ganhe, quer perca as eleições, estou disponível para a discutir no dia seguinte", disse Passos, perguntando a Costa se também estava disponível. Costa rejeitou: "A vossa proposta de cortar 600 milhões de euros não terá o nosso apoio."
Como agora o corte é de mil milhões e pode não chegar, talvez seja altura de acabar com os truques e colocar o Bloco Central a defender a sustentabilidade futura da Segurança Social.