Corpo do artigo
Nesta semana Emmanuel Macron irá fazer uma visita importante à China, apesar da contestação popular nas ruas estar longe de resolvida. Terá a companhia da atual Presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, numa visita que será relevante por duas razões.
Em primeiro lugar, o momento atual que se vive de rivalidade entre os EUA e a China e o processo de "decoupling", que é melhor traduzido como distanciamento tecnológico, económico e, no fundo, estratégico. A segunda razão prende-se com a Guerra russa na Ucrânia e o que poderá a China fazer em relação a Moscovo. Neste ponto tenho mais dúvidas do que certezas e, por isso mesmo, as minhas expectativas são prudentes ou cautelosas. Tendo em consideração esta visita, tornou-se ainda mais relevante a intervenção de Úrsula von der Leyen na passada quinta-feira em Bruxelas sobre "Relações UE-China".
TSF\audio\2023\04\noticias\03\03_abril_2023_a_opiniao_de_raquel_vaz_pinto
A intervenção começou com uma fotografia excelente da evolução da China e das suas ambições. Nas suas palavras: «É manifesto que as nossas relações [entre a UE e a China] se tornaram mais distantes e difíceis nos últimos anos. Temos assistido a um endurecimento deliberado da postura estratégica da China há já algum tempo. E é agora acompanhado por um aumento de ações cada vez mais assertivas. Tivemos um alerta gritante na semana passada em Moscovo durante a visita do Presidente Xi.»
Ora bem, perante esta fotografia o que deve a UE fazer? Segundo a Presidente da Comissão Europeia: «Penso que não é viável nem do interesse da Europa fazer o "decouple" da China. As nossas relações não são preto ou branco - e a nossa resposta também não o deve ser. Temos que nos focar em de-risk [melhor traduzido como atenuar, diminuir, mitigar riscos.] (...) Numa relação que está desequilibrada e cada vez mais afetada pelas distorções criadas pelo sistema de chinês de capitalismo de estado. Temos de equilibrar a nossa relação na base da transparência, previsibilidade e reciprocidade.»
Um exemplo? As tais matérias-primas críticas de que vos falei na passada semana entre as quais as terras raras.
Para Úrsula von der Leyen: «É a consequência da necessidade de ajustar a nossa estratégia em linha com o rumo que o Partido Comunista da China parece seguir.»
Por tudo isto, esta visita à China promete. Voltarei a ela para a semana.
Até lá desejo a todos uma Boa Páscoa.