Corpo do artigo
Anualmente, há um dia em que acordamos e redescobrimos que o ensino privado domina os rankings das escolas. Há rankings para todos os gostos, mas aquele que domina os noticiários é mesmo o que se limita a olhar para as notas dos exames e nos explica que o top ten é constituído exclusivamente por colégios privados e o ranking que mais deveria pedir do nosso tempo, pouco conta.
Quais são as escolas que estão a obter melhores resultados para superar as dificuldades sociais dos alunos. Como se trabalha nessas escolas, exclusivamente publicas, para ajudar quem mais precisa? O que é lá se passa que deva ser replicado em escolas que estão inseridas em contexto sócio-económico difícil?
Não podemos ignorar que as crianças que têm acesso ao ensino privado provêm maioritariamente de meios favorecidos, com pais que têm formação superior, condições em casa ideais para estudar, com capacidade financeira para acrescentar explicações aos alunos com mais dificuldade, mas também não devemos ignorar que o ensino privado, por exemplo, tem mais duas duas horas diárias de aulas que o ensino público.
  TSF\audio\2021\05\noticias\21\21_maio_2021_a_opiniao_de_paulo_baldaia
    
Defender a escola pública deve passar, por isso, por defender que tenham condições de ensino próximas das que se encontram no ensino privado. Mais tempo dedicada ao ensino, estabilização do corpo docente, maior autonomia das escolas.
Se a escola é a melhor forma de garantir a igualdade de oportunidades, então temos de dizer que o ensino em Portugal não cumpre a sua função. A desigualdade é perpetuada pela diferença que existe entre ensino privado, a que só têm acesso alguns, e o ensino público, a que recorreram a maioria dos alunos. A solução é garantir que a escola pública prepara os seus alunos para competir com os alunos do ensino privado.