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Se há processo político que no último ano ganhou uma estratégia foi o do novo aeroporto de Lisboa.
É mais que normal a descrença na concretização do novo aeroporto, tantas foram as propostas e as localizações que vieram a público nos últimos 50 anos. Podemos quase dizer que as obras de Santa Engrácia foram rápidas quando comparadas com a decisão do novo aeroporto de Lisboa.
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Mas a verdade é que PS e PSD sentaram-se à mesa e definiram uma estratégia, uma rota, para finalmente conseguir arrancar com este processo.
Constitui-se uma comissão técnica independente que iria estudar as diversas alternativas e localizações, que as iria avaliar e ordenar, dando um parecer fundamentado.
A decisão será sempre política, mas desta vez seria auxiliada por uma análise comparativa independente e transparente. E esta é a grande diferença que esperávamos fizesse desbloquear este longo processo.
Tudo estava a correr bem, não existiu polémica na escolha dos membros da comissão, não existiu polémica na seleção das localizações finalistas. Existiu recato e foram sendo dados a conhecer os passos já percorridos. Tudo a cumprir os prazos e em absoluta serenidade. Algo que raramente é conseguido no nosso país.
Vivemos o tempo dos técnicos. E esse espaço estava a ser integralmente respeitado.
Digo "estava", porque esta semana o Ministro João Galamba, quem mais? Resolveu fazer das suas e acabar com a serenidade do processo.
Questionado sobre a opção do aeroporto em Santarém, o Ministro não se escusou a dar a sua opinião, de oferecer o seu bitaite. E com a leveza de quem pede um café diz: "é longe".
Não sei se a distância da localização de Santarém é impedimento técnico. Não sei nem tenho de saber, isso é uma avaliação que compete à Comissão Técnica Independente. Mas sei que a declaração do Ministro João Galamba está, essa sim, muito longe do bom senso.
João Galamba nesta curta afirmação consegue desrespeitar a Comissão Técnica Independente, o PSD e também o Primeiro-ministro.
António Costa, e bem, exigiu que o assunto do novo Aeroporto tivesse um consenso alargado entre PS e PSD e por isso desautorizou publicamente o então Ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos. Porém a João Galamba não há uma palavra.
É óbvio que João Galamba já não devia ser ministro, é mais um dos governantes zombies de António Costa. Mas neste caso um zombie irrequieto, vaidoso, e com uma enorme tendência para o disparate.