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A caminho do Natal regressa o campeonato com o Sporting apostado em consolidar a liderança e Benfica e FC Porto com o pensamento dividido: a Liga é vital, mas a Supertaça é fundamental. Por todas as razões.
Desde o empate em Famalicão, que possibilitou a aproximação da concorrência, o Sporting passou sem quaisquer sobressaltos as eliminatórias de duas Taças e aí está, pronto, para retomar o caminho do campeonato. O adversário Farense não será dos mais problemáticos e o facto de jogarem em Alvalade confere aos leões o estatuto inevitável de favorito.
Por outro lado, Rúben Amorim vai recorrer, certamente, ao seu onze mais forte, depois de ter utilizado nas recentes duas partidas um número apreciável de elementos que ele, sobretudo, quis testar para verificar se podem mesmo ser alternativas no médio prazo. E, nalguns casos, foi notório que sim.
Agora, é o regresso à "normalidade". Ou quase, se levarmos em linha de conta que Nuno Mendes é uma interrogação quanto ao seu estado físico. É certo que há Antunes, embora não seja a mesma coisa. De qualquer modo, a seriedade - e a serenidade - que a equipa leonina continua a demonstrar durante os jogos constituem o seu maior trunfo.
Rúben Amorim, do ponto de vista estratégico, está absolutamente certo ao recusar assumir uma candidatura ao titulo. Claro que ele acredita nisso, mas não o deve verbalizar. Por enquanto. Retirar essa carga de cima dos jogadores é uma forma de os "libertar" de algo que, nesta fase, poderia ser contraproducente. Para lá de "passar o stress" todo para cima de águias e dragões.
Vamos então a Benfica e FC Porto que, para lá desta ronda do campeonato, já têm no pensamento o que se segue a meio da próxima semana: há uma Supertaça para decidir.
Desta vez, as condicionantes ditadas pela pandemia transformaram o troféu que abre as temporadas, em agosto, numa espécie de presente natalício, em dezembro. O tal "ensaio geral" de arranque de época é agora uma forma de aferição do real estado - em termos de duelos de grande nível interno, entenda-se - de águias e dragões.
A Supertaça não é o mais importante dos troféus extra campeonato. Mas há sempre uma enorme carga simbólica nos desfechos entre estes dois clubes, pelo que ambos os técnicos vão encarar o desafio de Aveiro como um dos tais em que não querem falhar.
Logo, poder-se-á perguntar, de que forma vão gerir os encontros da jornada 10, sabendo-se que, também aqui, ninguém dispõe de espaço para derrapagens. O Benfica tem a deslocação a Barcelos, nada simples em qualquer circunstância, enquanto o FC Porto tem o cenário do Dragão como vantagem frente ao Nacional.
Jesus, muito provavelmente, vai continuar com algumas alterações no onze, como tem feito, adaptando as opções em função dos adversários dos próximos dias. Gil Vicente é uma coisa, FC Porto é outra, muito diferente. De qualquer forma, os acertos a que proceder serão feitos a pensar na melhor eficácia do processo defensivo, talvez o maior dos problemas das águias.
É bom lembrar que o Benfica, desde o início da época, nos oito desafios em que começou a perder, só por duas vezes conseguiu virar o resultado, o que não é uma média muito animadora. Este é, talvez, o maior aviso para o jogo com o Gil Vicente, um conjunto que, além do mais, pode colocar "trancas à porta" e obrigar as águias a inventar novas soluções para resolver a situação. Seja como for, o Benfica parte como favorito embora tenha de o confirmar no terreno.
Por maioria de razão, até porque joga em casa, também o FC Porto é favorito frente aos madeirenses. Por isto, mas também porque há a tal Supertaça para realizar, Sérgio Conceição poderá preferir não correr riscos com algumas peças que considere vitais para a partida de Aveiro. Com Pepe outra vez de fora - e continuo a dizer que o capitão faz muita falta à equipa - Zaidu é incógnita por razões físicas. Sarr ou Manafá são as alternativas, mas sendo este último tal obrigaria ao recuo de Corona na direita e mudanças nas alas.
Em resumo, aproximamo-nos do primeiro terço do campeonato e é cada vez mais necessário as equipas salvaguardarem as suas posições na classificação. Benfica e FC Porto, para manterem o Sporting na mira, têm de ser objetivos e práticos mesmo que não sejam brilhantes. Porque podem ter a certeza que os leões não lhes vão facilitar a vida.