Vem aí mais uma maratona de antecipação, apresentação e discussão do orçamento do estado para 2024
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A oposição deita as garras de fora, o governo fala em contas certas e o Banco de Portugal assina por baixo.
Esta semana, o líder do banco central, Mário Centeno, recomendou cautela e defendeu equilíbrios orçamentais.
E disse mais:
que "o aperto financeiro não está concluído", razão pela qual é preciso "ter alguma cautela com as decisões no futuro próximo". Mário Centeno afirmou o que Fernando Medina, ministro das Finanças, queria ouvir antes de terça-feira. Nesse dia, apresentará o orçamento, no ministério das Finanças, em Lisboa.
O crescimento real da economia portuguesa foi fortemente revisto em baixa este ano, pelo banco central. O Produto Interno Bruto (PIB) real, ou seja, descontando o efeito da inflação, deve avançar só 2,1% em 2023, apenas 1,5% em 2024 e uns meros 2,1% em 2025, diz o BdP. Tudo abaixo das previsões anteriores, feitas há apenas três meses (o BdP previa 2,7%, 2,4% e 2,3%, respetivamente.)
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O que leva a tamanha prudência? É o impacto da subida dos juros nas famílias e empresas. A inflação é revista em alta, mas a trajetória de abrandamento nos próximos dois anos deverá manter-se. A política agressiva de subida das taxas de juro, que tanto penaliza as famílias, deverá ter resultados no arrefecimento da crise inflacionista, acreditam o Banco de Portugal e o Banco Central Europeu.
Na apresentação do novo boletim económico, o governador descreveu "o que resta de 2023 e o ano de 2024" como sendo de "grande desaceleração" no crescimento. Até a procura externa só deve aumentar, em média, 2%, nos próximos dois anos. Estas não são boas notícias para um domingo, mas o pior que poderia acontecer aos portugueses seria enfiar a cabeça na areia e não ver nem conhecer os números para o próximo ano.
Vamos agora às boas notícias: é esperada "uma grande retenção" ao nível do emprego e uma forte dinâmica do investimento, puxado pelo PRR - o plano de recuperação e resiliência que tem andado a passo de caracol.
Em suma, para 2024 espera-se uma consolidação musculada das contas públicas, não vai ser ainda o ano de alívio esperado e os portugueses não vão conseguir desapertar o cinto.