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Zineb Redouane, era uma mulher de 80 anos que vivia em Marselha, em França.
Na sua idade avançada e de vida experiente, ocupava-se nos seus tempos livres com música e a cuidar de flores.
Na fatídica noite de 1 de dezembro de 2018, estava em sua casa, um apartamento num quarto andar.
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Preparava o jantar e falava ao telefona com a filha.
Nas ruas, as pessoas manifestavam-se contra as pobres condições de vida em Marselha. Estas manifestações vinham na sequência do colapso de dois prédios que mataram oito pessoas havia algum tempo.
Em resposta, as autoridades que chegaram à manifestação usaram gás lacrimogéneo para dispersar a população.
Ao aperceber-se de que estava a entrar gás lacrimogéneo através de uma janela aberta, Zineb foi fechá-la.
O que aconteceu a seguir parece impossível: um dos agentes da polícia apontou um lança-granadas de gás lacrimogéneo na direção dela e disparou. Foi atingida na cara.
Foi levada para o hospital com várias hemorragias e feridas na cara. Estava a sufocar devido às fraturas no maxilar.
Ao ser preparada para uma cirurgia urgente, esta não passou da anestesia, altura em que entrou em paragem cardíaca.
Zineb Redouane, 80 anos, morreu em 2018 devido ao uso irresponsável de uma granada de gás lacrimogéneo. Cinco anos depois, a investigação à sua morte ainda está a decorrer. Ainda ninguém foi acusado ou suspenso de funções.
À polícia, o Estado delegou o uso da força com a proporcionalidade estritamente necessária para eliminar alguma ameaça à segurança pública. Assim, uma resposta de violência por parte do Estado ou da polícia que seja proporcionalmente maior não é legal ou aceitável.
Este princípio não é cumprido pelas forças de segurança francesas e isto não é de agora.
O jovem que foi morto há dias terá sido vítima dessa brutalidade de Estado injustificável. As manifestações pacíficas que se seguiram nestes dias, desembocaram assim numa espiral de violência que gera violência e que foi provocada pelo primeiro que abusou da mesma.
Mesmo assim as autoridades nunca estarão em pé de igualdade com a população que se manifesta pacificamente e não está armada.
A família de Zineb Redouane, uma idosa de 80 anos que perdeu a vida para esta violência, aguarda por justiça. Agora, pelo menos mais uma mãe aguarda também por justiça depois de ter perdido um filho menor para a mesma violência.