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Vai encerrar o capítulo 17 do campeonato, logo, vem aí a segunda metade da prova, a tal que vai mesmo ditar o campeão e tudo o resto. Em ritmo acelerado porque não há tempo para andar ao passo habitual.
E, tal como antes, também agora continuam a suceder alguns resultados que não entravam nas contas iniciais. Aconteceu ao FC Porto, com o nulo frente ao Belenenses SAD - e a polémica instalada, sendo que o pior de tudo foi a lesão de Nanu -, o que deixa ao Sporting, enquanto líder, a possibilidade de consolidar mais a sua posição.
Estamos numa altura da época que pode ajudar a clarificar algumas coisas no andamento do campeonato. Já aqui tinha chamado a atenção para o que representava o arranque de janeiro, com uma carga de jogos incomum, só faltava complementar com o percurso em fevereiro.
Somados os dois meses, talvez fiquem pistas para o que sucederá a seguir. Como, por exemplo, aferir os efeitos do Sporting ter agora menos jogos do que a concorrência.
Repare-se que este nosso contacto semanal acaba por ser "balizado" pelo facto de atravessar o resto desta jornada (que fecha a primeira volta), a próxima ronda (que abre a segunda) e ainda o início das meias-finais da Taça de Portugal. Demasiada matéria para uma projeção específica.
Mas retomemos a ronda atual. O FC Porto empatou e o Braga foi obrigado a aplicar-se mais do que pensaria para derrotar o Portimonense e, assim, segurar a terceira posição. Precisamente as duas equipas que têm agora um duplo confronto em agenda (campeonato e Taça) e ambos em casa dos minhotos. É o momento de Sérgio Conceição e Carlos Carvalhal voltarem a reexaminar a gestão dos seus jogadores.
Duas partidas de alto grau de importância, mas como a da Taça ainda não decide é previsível que as baterias principais apontem ao jogo de domingo. Vendo bem, embora a Taça de Portugal seja um troféu apetecível, o campeonato pode valer um lugar na Champions. E nem é preciso explicar o que isto implica...
Falta agora saber o que conseguem nesta jornada Sporting e Benfica, depois de o dérbi ter reforçado a liderança leonina e deixado as águias numa posição ainda mais difícil do que aquela em que se encontravam.
Ruben Amorim continua a não querer falar do título e dificilmente mudará o discurso, pois seria introduzir uma pressão dispensável. Mas uma coisa é não querer verbalizá-lo, outra é tentar disfarçar o óbvio. O Sporting pagou por Paulinho o que nunca pagara por ninguém e nada disto faria sentido se os leões não estivessem a pensar em algo mais concreto do que o "jogo a jogo". O clube quer regressar à Liga dos Campeões, de preferência por via direta, e deu ao treinador quem ele sempre desejou desde o início.
O desafio na Madeira é mais um problema para resolver, sobretudo porque foi precisamente com o Marítimo que terminou prematuramente a participação leonina na Taça. A questão é que o enquadramento agora é outro e o alerta do passado não deve ter desaparecido.
Claro que todos os encontros contam, mas depois do triunfo sobre o Benfica é fácil perceber que a confiança cresceu ainda mais em Alvalade e, pelo que se vê no terreno, os jogadores acreditam. Ganhar jogos nos últimos minutos não é só "estrelinha", é mesmo trabalho. Além de que já sabem o que sucedeu aos dragões no Jamor.
Quanto ao Benfica, nos dias que correm, pode dizer-se que qualquer adversário é uma dor de cabeça. Rui Costa entende que a partida com o Vitória de Guimarães não é só para ganhar, mas também para mostrar mais do que isso. Compreende-se que o administrador exija aos jogadores uma daquelas exibições que as águias não mostram há muito tempo, mas no contexto atual talvez seja pedir demais.
Com Jorge Jesus novamente ausente - só volta para a semana - os jogadores têm pela frente um Vitória que tem vindo a ganhar forma (e conteúdo) e que, com toda a certeza, vai tentar explorar o momento cinzento em que as águias mergulharam. Resta averiguar se os encarnados têm as soluções para, pelo menos, somarem os três pontos e continuarem a discutir um lugar na Champions.
Luís Filipe Vieira resgatou o treinador mais caro do futebol português, apontou a cem milhões em contratações (e juntou-lhes agora Lucas Veríssimo), só que o balanço, até ver, é negativo. Mesmo o surto Covid-19 só reporta a momentos mais recentes, não à eliminação da Champions, à derrota na Supertaça e ao afastamento da Taça da Liga. Ou o Benfica altera drasticamente o caminho ou a responsabilidade não pode ficar unicamente pelos jogadores.