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Na terça-feira fomos acordados por notícias surpreendentes, preocupantes e tristes. Uma mega operação policial, fez buscas em diversos ministérios, sedes de empresas, em diversas residências e também no Palácio de S. Bento, a residência oficial do primeiro-ministro.
Pessoas muito próximas do primeiro-ministro foram detidas, entre as quais o seu chefe de gabinete. O ministro das infraestruturas foi buscado e constituído arguido e numa nota à imprensa do Ministério Público, é declarado que o próprio primeiro-ministro é alvo de um inquérito autónomo a correr no Supremo Tribunal de Justiça.
António Costa, e bem, apresentou a sua demissão.
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É de comum entendimento que tem de existir uma separação clara entre justiça e política e que a presunção de inocência é um principio de que não podemos abdicar. Mas a gravidade do ocorrido, impõe consequências políticas.
A democracia não é um valor absoluto, é uma conquista e algo que tem de ser cuidado diariamente. Situações como esta que, infelizmente, têm, em diferentes graus de gravidade, vindo a acontecer no nosso país, minam a democracia e a crença das pessoas no sistema.
A democracia é sinónimo de progresso social e económico, mas ela só existe quando existe confiança nas instituições. É por isso urgente restaurar essa confiança entre cidadãos e eleitos e isso só se conseguirá com novas eleições.
A atual estrutura da Assembleia da República não tem as condições necessárias e suficientes para que um virar de página aconteça e para que as feridas desta situação possam ser saradas. Somente eleições legislativas antecipadas podem abrir um novo ciclo.
Este é o caminho quase unanimemente defendida por todos os partidos e, claro, também pelo PSD. Não por qualquer motivação taticista ou de ambição pelo poder mas, porque mais uma vez, a nossa responsabilidade nos impele a ser solução e a voltar a credibilizar a democracia portuguesa e fazer os portugueses voltem a acreditar na política.
