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Ser empreendedor em Portugal é um ato heroico. Em pleno século_XXI, um fazedor ainda tem de lidar com o excesso de burocracia, justiça lenta, impostos elevados sobre o rendimento do trabalho e sobre as empresas, entre outros custos de contexto, e, só por isso, merece o respeito da sociedade. Ser empresário, criar postos de trabalhos e pagar impostos em Portugal não é para todos. Por isso mesmo, tantos portugueses preferem jogar pelo que é (aparentemente) seguro e preferem um lugar na função pública. Mas, até mesmo aí, é fundamental empreender todos os dias.
Empreender por conta de outrem, no público ou no privado, é uma forma de estar, uma maneira de dar um contributo útil à sociedade civil através do trabalho de cada um. E, em sociedade, todos são importantes independentemente da hierarquia formal nas organizações.
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Nos últimos dias, a capital portuguesa foi invadida por milhares de empreendedores de todo o mundo que vieram mostrar os seus projetos e fazer negócios na Web Summit, no Parque das Nações. A cimeira da tecnologia é já muito mais do que um encontro de geeks e nerds. É uma reunião de quem tem impresso no seu ADN o verbo "fazer", é um encontro de inovadores incrementais e disruptivos, de gente resiliente e inconformada com o status quo. Inovar e deixar marca são outras das moléculas que compõem a cadeia de ADN de muitos dos fazedores que por ali passaram nos últimos dias. E não, a WS não é uma feira de vaidades e de exibicionismo, mas um ponto de encontro importante entre ideias, projetos e capital, sem credos e sem fronteiras.
É bom saber que, apesar de muito disputada, a WS continua por cá. Foram sete anos de cimeira em que não só se cumpriu uma missão mas se alcançou o sucesso. E vai ao Brasil, já em maio, mas volta a Portugal. Este ano, ao longo de quatro dias passaram pelos palcos do Altice Arena e FIL cerca de 70 mil pessoas vindas de todo o mundo, das quais 40% já são mulheres.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, encerrou o evento na sexta-feira e disse acreditar que em 2023 já estará em curso a ampliação da WS, há muito reclamada por Paddy Cosgrave, o fundador. Marcelo fez ainda questão de referir que necessitamos "de ter paz" no próximo ano, de "reconstruir a Ucrânia, de recuperar todas as economias que estão a sofrer com a inflação, de acelerar a transição energética. E nunca esquecer a acção climatérica". E, por fim, precisamos do digital para combater os desafios que vamos enfrentar. E vale a pena lembrar ainda outra frase dita pelo Presidente no evento: "o digital faz a diferença, muda vidas".