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Nos últimos dias tiveram lugar várias cimeiras e reuniões internacionais importantes. À cabeça, três cimeiras: a do G-7 em Hiroxima, a primeira da China com a Ásia Central em território chinês e a da Liga Árabe. Foi, sobretudo, o encontro na cidade de Hiroxima que teve maior destaque devido, entre outros, à presença do Presidente da Ucrânia e ao documento final sobre a China.
Para mim, o destaque vai claramente para a ida do Presidente da Ucrânia à Cimeira da Liga Árabe. Na verdade, a notícia mais difundida do encontro na Arábia Saudita desta organização com 22 estados-membros foi o regresso pleno da Síria de Bashar al-Assad, país ostracizado desde 2011. Imagino que para as famílias dos milhares de sírios mortos pelo seu próprio governo estas tenham sido imagens muito dolorosas.
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Voltando a Zelensky, a sua presença na Cimeira da Liga Árabe foi muito inteligente. Em primeiro lugar, porque saiu da sua zona de conforto diplomático, ou seja, dos países que participam ativamente no apoio à Ucrânia. Na Liga Árabe encontramos vários que têm na melhor das hipóteses reservas quanto ao seu envolvimento na Guerra e, em particular, contra Moscovo. Zelensky percebeu, e muito bem, que tem de alargar o leque de apoio numa Guerra que não parece ter um fim à vista.
Em segundo lugar, alguns destes países são cruciais no que toca a petróleo, pois são também membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP). De todos, a liderança cabe à Arábia Saudita, anfitriã desta Cimeira. Como tal, o seu alinhamento (ou não) com Moscovo no âmbito da chamada OPEP +, ou seja, os 13 estados-membros mais um conjunto de países incluindo a Rússia, é ainda mais importante no decurso desta Guerra.
Neste sentido, o Presidente da Ucrânia leu muito bem as atuais dinâmicas de política internacional. É mais uma decisão externa que revela a capacidade da Ucrânia de pensar de forma estratégica.
Desejo a todos os nossos ouvintes uma boa semana.