Corpo do artigo
Hoje, dia 21 de Março, estamos no dia 26 da Guerra russa na Ucrânia.
Quero falar-vos de uma dimensão da luta ucraniana, que me parece crucial: a liderança a nível internacional exercida pelo Presidente Zelensky através de um conjunto de intervenções virtuais a países importantes, das quais destaco a que foi feita ao Congresso dos EUA.
Mas, se há intervenção para qual a expectativa era grande (pelo menos a minha) foi a de ontem no Knesset, ou seja, no Parlamento de Israel.
Desde logo, pelo óbvio: o Presidente da Ucrânia é judeu e Vladimir Putin alegou para esta guerra injustificável a necessidade de "desnazificar" o estado ucraniano, entre outras.
TSF\audio\2022\03\noticias\21\21_marco_2022_opiniao_raquel_vaz_pinto
Mais ainda, a posição de Israel ao longo da guerra tem sido sui generis. E nesta matéria, uma vez mais, Zelensky não desiludiu.
A figura histórica por si escolhida é tão óbvia que só podia ser a de uma líder nascida em Kyiv: Golda Meir, primeira-ministra de Israel num dos momentos mais difíceis da vida deste país, nomeadamente, durante a Guerra do Yom Kippur em 1973.
Para além da História relacionada com o Nazismo e o Holocausto, Zelensky foi bem mais longe ao perguntar aos israelitas porque é que não estão a fazer mais e melhor:
"Direi o seguinte - a indiferença mata; a premeditação é muitas vezes errada. E a mediação pode ser entre estados, mas não entre o bem e o mal. Porque é que nós não conseguimos mais armamento? Ou porque é que Israel não impôs sanções fortes à Rússia? Porque é que não pressiona mais os negócios russos?"
Zelensky arremata dizendo: "Cabe-vos (...) fazer uma escolha. E, povo de Israel, vocês terão de viver com ela."
Olhando para o mundo e para as suas imensas reticências eu diria que em matéria de "escolhas" não estão sozinhos.