As instituições educativas estiveram no âmago das decisões políticas na passada semana, culminando com o primeiro-ministro a anunciar ao país a suspensão das atividades letivas e não letivas, pelo menos por um mês, a fim de evitar a propagação do novo Covid-19.
Como consequência desta deliberação - desapoiada pelo Conselho Nacional de Saúde Pública, impõem-se, atualmente, à Escola Pública desafios, e oportunidades, que esta assume com total profissionalismo e rigor. Elenco três:
1. Lecionação à distância - a medida fundamenta o teletrabalho, dado os professores e os alunos, em casa nas próximas semanas, continuarem envolvidos nas atividades e tarefas letivas. Estamos todos cientes que a suspensão das atividades letivas e não letivas em contexto escolar transferiu o processo ensino-aprendizagem para os lares dos discentes e dos docentes. As novas tecnologias são ferramentas essenciais no futuro da Escola Pública, na mudança do paradigma do "como e onde se ensina", com impacto positivo no sucesso educativo dos alunos;
2. Apoio (almoço) aos alunos mais necessitados - não estão esquecidos os discentes que, por questões (várias) de carência familiar, necessitam que lhes seja acautelado o almoço, por vezes, a única refeição quente que ingerem ao dia. O esforço conjunto das escolas e autarquias possibilitará que esta refeição seja disponibilizada, não sendo questionada a premência da mesma para todos os que dela irão usufruir. Tempos difíceis exigem maiores cuidados, estando a Escola Pública especialmente atenta aos mais desprotegidos;
3. Acolhimento de filhos dos trabalhadores considerados fundamentais na luta contra o novo Covid-19 - assumindo um papel crucial na implementação de ações solidárias, a Escola Pública dá um passo à frente. Neste sentido, os profissionais de saúde e as forças de segurança, também os bombeiros, as forças armadas e os funcionários dos serviços públicos essenciais, destacados para cuidar da população, terão a certeza de que os seus educandos serão muito bem tratados pelos profissionais de excelência existentes nas escolas e agrupamentos de escolas que frequentam, enquanto as aulas presenciais estiverem suspensas.
Pedem-se gestos solidários e atitudes altruístas, que reflitam o elevado sentimento humanista e as qualidades nobres que caracterizam os portugueses, vincados na e pela Escola Pública, um orgulho para o país, que instruiu aqueles que neste momento lideram o combate a um novo e assustador "Adamastor". Saibamos fazer desta experiência a oportunidade para revitalizar a nossa natureza intrínseca, distintiva de um povo com uma alma enorme que enobrece esta "Nação valente e imortal". A Escola Pública será uma luz a iluminar o caminho da recuperação!
* Professor; diretor; presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas