Na rentrée política dos comunistas, o secretário-geral do PCP disse que os problemas nos transportes são consequência das "políticas de desinvestimento". E puxa as orelhas ao PS pelos entendimentos que mantém com o PSD e o CDS.
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Jerónimo de Sousa abriu esta tarde, de forma oficial, a Festa do Avante. No discurso de abertura, o secretário-geral do PCP garante que o partido vai continuar a lutar pela "reposição, defesa e conquista de direitos dos trabalhadores e do povo", mas pediu um "compromisso" às várias forças políticas.
Uma das pedras de toque do discurso foi a situação nos transportes. O secretário-geral do PCP considera que o que se observa neste momento é a exposição "nua e crua" das consequências das "políticas de desinvestimento" e das privatizações nas infraestruturas de desenvolvimento do país. Jerónimo considera que a situação vivida nos vários setores põe em causa o direito à saúde, educação, cultura, mobilidade e educação, juntamente com os défices estruturais, exige uma "rutura" com a política atual.
O PS também esteve sob a mira do discurso, que passou pela crítica aos acordos feitos no passado pelos socialistas com PSD e CDS em matéria laboral. No momento de analisar os acordos partidários, deixou a consideração de que "sempre que o governo minoritário do PS se entendeu com a direita e com as suas políticas, perderam os trabalhadores, o povo e o país. Sempre que convergiu com o PCP houve reposição e conquista de direitos".
"Numa questão tão relevante como é a questão laboral", o governo do PS acordou com o PSD e CDS matérias como a "caducidade da contratação coletiva, a manutenção da precariedade e a desregulação dos horários", tal a como a "transferência de competências para as autarquias", aponta Jerónimo. Tudo isto, considera, foi assente nas "imposições" da União Europeia e nos "constrangimentos" do Euro, algo que tem "consequências pesadas" para o "investimento público" e para a concretização do "direito inalienável do país e do povo português ao desenvolvimento soberano".
Por fim, lembrou que as imposições europeias não podem "ilibar" os governos que "rodaram durante quatro décadas" na aplicação de "políticas de direita".
O secretário-geral do PCP abordou também o que considera "choros e lamentos" do PSD e CDS em relação aos serviços públicos. Jerónimo diz que são o que se chama de "atirar a pedra e esconder a mão", de forma a apagar da memória as "responsabilidades" que partilham na degradação dos serviços.
Na abertura da festa que assinala o reinício do ano político para os comunistas, Jerónimo de Sousa disse saber que "a luta não é delegável em quem quer que seja" mas "reclama o compromisso das forças políticas", adiantando desde logo que o PCP o assume.
"Compromisso tanto mais duradouro e concretizável quanto mais força tiver o PCP, com a garantia de que essa opção, dando mais força ao PCP, dá mais força a quem a dá", disse, perante os aplausos dos militantes, na Quinta da Atalaia.
Em matéria de medidas, a subida do salário mínimo nacional para 600 euros em janeiro de 2019, as melhorias nas reformas, pensões e carreiras contributivas, os abonos de família, o apoio aos desempregados e deficientes, o alívio da carga fiscal dos trabalhadores e a baixa do IVA na luz e gás continuam no topo da agenda do partido para os próximos tempos.
Por fim, a frase que marca o início da festa: "Declaro aberta a 42.ª edição da Festa do Avante".