Passam esta quarta-feira 40 anos do 25 de novembro. O dia mudou o rumo do país, mas ainda há quem diga que a história está mal contada. A TSF percorre os principais momentos do "Verão Quente".
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A 25 de novembro de 1975, terminava o "Verão Quente" e o PREC, o "Processo Revolucionário Em Curso". Para uns, foi o fim da Revolução. Para outros, o início da Democracia. Para Mário Tomé, continua a ser "uma história mal contada".
Hoje Coronel na reforma, na altura Segundo-Comandante do Regimento da Polícia Militar, à TSF, Mário Tomé recorda as memórias dessa data.
40 anos depois, lembramos os principais momentos que conduziram ao dia que ficou para a História.
O "Verão Quente"
Cinco meses depois da Revolução dos Cravos, em setembro de 1974, o marechal António de Spínola declara que "a maioria silenciosa do povo português terá de despertar e de se defender dos totalitarismos extremistas". A manifestação desta "maioria silenciosa" ficou marcada para 28 desse mês, mas grupos do PCP e o Copcon travam o movimento.
Spínola cede o lugar a Costa Gomes, mas em março de 1975, volta à carga e começa a preparar um golpe para assumir o poder. Tal como a 28 de setembro, o 11 de março não teve resultados. Spínola foge para o exílio, primeiro em Espanha, depois no Brasil.
Um ano depois da Revolução que pôs fim à Ditadura, a 25 de abril, têm lugar as primeiras eleições livres para a Assembleia Constituinte. A afluência às urnas foi de quase 92%. O PS conquista 38,87% dos votos, o PSD 26,39%, o PCP 12,46%, o MDP 4,14% e a UDP não vai além dos 0,79%.
O Partido Socialista acaba por sair do Governo e a 19 de julho promove o famoso comício da Fonte Luminosa - 200 mil pessoas pedem a demissão do Governo de Vasco Gonçalves. A partir daí, a tensão sobe. Sucedem-se os assaltos a sedes partidárias, as ocupações, as manifestações, as barricadas nas ruas. Portugal esteve à beira de uma guerra civil.
A 7 de agosto, militares como Melo Antunes, Vasco Lourenço ou Vítor Alves anunciam o "Documento dos Nove", onde acusam o MFA de operar contrariamente "ao papel que dele esperava a maioria do país".
Cerca de um mês depois, a 19 de setembro, Vasco Gonçalves é substituído como primeiro-ministro pelo almirante Pinheiro de Azevedo.
A 12 de novembro, o Governo e a Assembleia Constituinte são feitos reféns dentro da Assembleia da República. Pouco depois, o próprio Governo entra "em greve", com o primeiro-ministro a deixar uma frase para a História: "Não gosto nada de ser sequestrado, percebem? Chateia-me ser sequestrado".
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A partir daí, os acontecimentos sucedem-se. Otelo é afastado do Copcon e da chefia da Região Militar de Lisboa e é substituído pelo capitão Vasco Lourenço; 15 mil agricultores ligados à Confederação dos Agricultores de Portugal barram os acessos a Lisboa; chaimites do Regimento de Comandos montam guarda ao Palácio Presidencial em Belém; centenas de paraquedistas saem de Tancos e tomam vários pontos estratégicos em Lisboa e a sul do país.
Entretanto, o Presidente da República reúne-se de emergência com o Conselho da Revolução para analisar a situação e declara declara o "Estado de Exceção" (ou "Estado de Sítio") na Região Militar de Lisboa; os paraquedistas em Monsanto rendem-se às forças do Regimento de Comandos.
Às 21:30 do dia 25 de novembro de 1975, o Presidente da República dirige uma comunicação ao país com Otelo Saraiva de Carvalho a seu lado. No dia seguinte, tudo seria diferente.