Revolução de Abril sai este ano à rua e as comemorações vão estender-se até 2026, com iniciativas de norte a sul do país que pretendem lembrar o fim da ditadura em Portugal.
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As comemorações do quinquagésimo aniversário do 25 de Abril, que se assinala este ano, vão estender-se até 2026 com o objetivo de “preservar e homenagear a memória” de todos os “homens e mulheres que lutaram” para o fim da ditadura, notou esta quinta-feira a presidente da comissão comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola, no Fórum TSF, um dia após a apresentação do programa.
Cada ano foca-se num tema prioritário: movimentação dos capitães/MFA e descolonização (2024); democratização (2025) e desenvolvimento (2026). De norte a sul, várias são as iniciativas previstas, “num contexto em que a maioria dos portugueses não viverem esse processo de transição”.
“Para a maioria dos portugueses que nasceram depois do 25 de Abril, a democracia é um dado adquirido, mas a verdade é que a construção da democracia portuguesa foi um grande mérito. Muitos homens em mulheres em diferentes locais lutaram para que ela acontecesse e, portanto, estas celebrações têm um significado muito importante. Celebramos os 50 anos do fim da ditadura e da democracia”, considerou Maria Inácia Rezola.
No entanto, Maria Rezola sublinhou, citando o historiador Vitorino Magalhães Godinho, “não podemos tentar querer ressuscitar os mortos, percorremos o risco de modificar os vivos”, explicando que as atividades programadas contam com testemunhos dos que participaram no 25 de Abril, mas que tudo foi pensado na “história na sua atualidade e contexto”.
As comemorações de Abril terminam daqui a dois anos, quando Portugal cumpre cinco décadas “de consolidação democrática”: a aprovação da Constituição, a formação do I Governo Constitucional, na sequência das eleições legislativas, a eleição do Presidente da República, a realização de eleições regionais nos Açores e na Madeira e de eleições autárquicas.
Maria Rezola acredita num “futuro melhor, mais rico e mais participado” e, por isso, defendeu que as comemorações do 25 de Abril têm “um enorme potencial”.
“Basta recordarmos o que foram as primeiras eleições livres em Portugal, 1975, em que pela primeira e única vez na nossa história mais de 92% dos portugueses foram às urnas para escolher quem os governa. Penso que isto é uma lição de prática democrática que nós temos que recordar, reviver e atualizar atualmente”, disse.
Questionada sobre o apoio dos mais jovens, a responsável garantiu que “a resposta tem sido muito positiva” e que diariamente a comissão recebe "propostas de apoio de pessoas que se querem envolver”.
A historiadora Maria Rezola considerou ainda que os programas curriculares são “equilibrados”, mas que há espaço para melhorias e novos contributos.
“Uma das questões centrais em que nos devemos focar é perceber o que é diferente do Portugal do 24 de abril para o 25 de abril e do 25 de Abril para atualidade. (...) O que mudou no país? A distância entre Portugal do 24 de abril e o de hoje é verdadeiramente assombrosa”, atirou.
A descolonização e as boas relações com antigos países que integraram o Império é também uma linha forte das comemorações, nomeadamente em 2024. “Entre outras múltiplas iniciativas, estamos a trabalhar com as autoridades cabo-verdianas. Não só para fazer a promoção de algumas exposições itinerantes por Cabo Verde, como também para renovar espaços museológicos do tristemente célebre campo de concentração do Tarrafal.”
A Estrutura de Missão para as Comemorações do quinquagésimo aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974 é constituída por uma Comissão Nacional, que funciona junto da Presidência da República, e por uma Comissão Executiva, tutelada pelo Ministério da Cultura.
