Em declarações à TSF, o líder do PS Madeira desafia o presidente do governo regional a pedir o levantamento de imunidade.
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O líder do PS Madeira acusa o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, de mentir caso se confirme que foi constituído arguido e desafia-o a pedir o levantamento da imunidade que goza por ser conselheiro de Estado.
Em entrevista esta manhã à TSF, Paulo Cafôfo defende que Miguel Albuquerque não tem quaisquer condições para continuar a liderar na sequência da investigação a suspeitas de corrupção na Madeira e promete “fazer tudo” para pressionar a saída do presidente do governo regional.
“Nas declarações públicas que fez ontem à tarde, por volta das 16h00, Miguel Albuquerque ocultou ou referiu que não seria arguido. Ora, a essa hora já seria arguido”, nota. “Portanto, a confirmar-se que é arguido e que mentiu, o Partido Socialista fará tudo o que estiver ao seu alcance” para afastar o presidente do governo regional do poder.
Face às “afirmações que fez e à mentira, a comprovar-se, que fez, obviamente não tem qualquer condição para governar e, portanto, tem de sair”, reforça.
“Miguel Albuquerque tem que esclarecer cabalmente toda esta situação e começar a assumir as coisas com a frontalidade e a coragem que isto merece, que é requerer levantamento da imunidade que tem como conselheiro de Estado para que sejam criadas todas as condições que levem ao total apuramento da verdade.”
Lamentando “a situação de extrema gravidade” que se passa na Madeira, o líder socialista considera ainda que o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, um dos detidos no âmbito da operação desencadeada esta quarta-feira pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária, não tem quaisquer condições para continuar no cargo.
Depois “de ter sido detido", e pelo “facto de ainda hoje ser transportado para a Lisboa para ser ouvido”, Pedro Calado "não tem quaisquer condições e terá de renunciar ao mandato”, aponta Paulo Cafôfo.
Apesar de reconhecer que a situação é “complexa”, o socialista madeirense defende a realização de eleições autárquicas antecipadas no município.
“Toda a vereação está contaminada com esta atuação do presidente da câmara”, argumenta.
A Polícia Judiciária realizou esta quarta-feira na Madeira e em vários locais do continente cerca de 100 buscas numa investigação por suspeitas de investigações dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
O presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado e dois gestores ligados ao grupo de construção AFA foram detidos.
Fonte ligada ao processo confirmou à agência Lusa que Miguel Albuquerque foi constituído arguido, mas questionada pela TSF, a Procuradoria-Geral da República remete para o comunicado do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que nada refere sobre eventuais arguidos.
Esta quarta-feira, o chefe do governo regional afirmou que não se demite mesmo que seja constituído arguido e garantiu colaborar "de forma ativa com a justiça".