A "desorientação" do Governo e o apelo à esquerda. Rui Tavares quer tornar o Livre "grande"
Rui Tavares apela ao combate à extrema-direita, quer formação de quadros e garante que o Livre vai "derrotar o conservadorismo"
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Rui Tavares dividiu o palco com a líder parlamentar Isabel Mendes Lopes para encerrar o congresso do Livre. Coube ao fundador do partido apontar aos adversários políticos, antes da insistência em várias propostas para “mudar o país”.
O primeiro alvo de Rui Tavares foi o Governo de Luís Montenegro que, em um mês, “só alterou um logótipo” e deu ordem para demissões em vários setores públicos, com a Santa Casa da Misericórdia à cabeça. Numa palavra: “desorientação”.
“Acima de tudo uma desorientação moral e ética na forma como uma direita, que apesar de tudo fundou o 25 de Abril, deveria distanciar-se e romper claramente com a extrema-direita”, acusou.
E quem “não rompe” com os populismos contribui para o crescimento da extrema-direita, alerta Rui Tavares, que quer colocar um travão ao Chega, de André Ventura. O Livre tem de aumentar os seus quadros em todo o país, mas também os progressistas devem um sinal de união.
“Em cada cidade, em cada vila, em cada município e freguesia, começa a viragem contra a extrema-direita e contra o conservadorismo. Se querem polarizar a sociedade entre progressistas e conservadores, estamos do lado dos progressistas. E vamos derrotar os conservadores”, apontou.
A esquerda, que marcou presença no encerramento do congresso, ouviu Rui Tavares puxar todos para o mesmo barco, a pensar num novo ciclo político. Na primeira fila, Ana Catarina Mendes, do PS, José Gusmão, do Bloco de Esquerda, e dirigentes comunistas.
“Em democracia, precisamos daqueles com quem discordamos. Mesmo que isso valha alguns mal entendidos, continuaremos sempre a dialogar com quem discordamos, mas com os que estão do lado da democracia”, acrescentou.
Livre avança com semana de quatro dias no partido
E, para fortalecer a democracia, é preciso dar respostas aos problemas. A líder parlamentar Isabel Mendes Lopes fala numa taxa às grandes fortunas, para distribuir riqueza, e também o aumento do abono de família.
A semana de quatro dias de trabalho é uma das bandeiras do Livre, e o partido quer alargar o projeto piloto ao setor público, que já está em vigor em empresas do privado. Mas o Livre dá o exemplo.
“No próximo mandato, vamos implementar a experiência da semana de quatro dias com os funcionários e funcionárias do Livre”, disse, recebendo um forte aplauso.
Está lançado o mote, num congresso onde se abriu a porta a um governo das esquerdas e se indicou a saída à extrema-direita. No final, todos a uma só voz, ao som de "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso.