Antigo vice primeiro-ministro com a tutela dos Negócios Estrangeiros considera que a União enfrenta "um grave problema demográfico" e apela à racionalidade em relação à Irlanda do Norte. Poiares Maduro defende que a "Europa tem de ser mais forte e unida"
Corpo do artigo
Adepto da atitude pessimista em relação aos cenários que se colocam à Europa, Paulo Portas considera que "não são apenas os ingleses que perdem com a rutura" e apela à razão no tratamento do processo da Irlanda do Norte, ou a região tornar-se-á "mais uma pequena Catalunha".
Para o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, "a Europa está a ficar velha, zangada e hostil e não tem condições demográficas para sê-lo".
Durante uma intervenção na conferência "Para onde vai a Europa?", promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, Portas fala numa Europa "sem condições para ter uma imigração zero" - esse seria, diz, "um exercício não de demagogia, mas de loucura" - e à qual se colocam dois caminhos possíveis: "ou escolhe a imigração que precisa ou é escolhida pela imigração que precisa". "Terá de politicamente ser capaz de escolher", afirma.
Admitindo que "o número de problemas é muito grande" no velho continente, o antigo líder centrista destaca, além da questão demográfica, "um problema de competitividade, uma Europa dividida na relação com a Rússia e com a Turquia", a par de "momentos difíceis vividos na relação com os EUA, na relação com a China e um problema de dependência energética com a Rússia". Questões que exigem "uma União Europeia mais forte, capaz e rejuvenescida".
Poiares Maduro acredita na hipótese de Brexit não acontecer
TSF\audio\2019\03\noticias\22\13_raquel_de_melo_poiares_maduro
Miguel Poiares Maduro acredita que o Reino Unido ainda pode abrir mão do Brexit e permanecer na União. Ouvido esta tarde pela TSF, o diretor do Instituto Universitário Europeu e antigo ministro considera difícil um cenário de uma saída sem acordo e antevê como muito difícil Theresa May conseguir aprovar o entendimento alcançado até agora com os 27.
Aberto o cenário de a Europa viver um hard Brexit, Miguel Poiares Maduro acredita mais na hipótese de uma extensão ainda mais longa. "Teremos um cenário de uma continuação do Reino Unido na União Europeia pelo menos por mais um ano, dois anos", acredita, nomeadamente num "período durante o qual será negociada qual a nova relação que o Reino Unido irá ter com a União Europeia ou mesmo, quem sabe, poderá dentro desse período haver uma reconsideração por parte dos britânicos que pode passar por um segundo referendo".
O diretor da Escola de Governação Transnacional do Instituto Universitário Europeu não exclui que o Reino Unido permaneça na União. Até lá, o país terá de enfrentar eleições europeias e internas que baralham as contas, quer com vitória conservadora, quer trabalhista.
"O grande tema de divisão política divide os próprios partidos políticos existentes, não há uma posição conservadora nem trabalhista sobre o Brexit, há diferentes posições de trabalhistas e conservadoras. O que isso pode traduzir é que surjam novas partidos políticos, mesmo nos no único sistema político europeu que continua a assentar no bipartidarismo, não excluiria uma evolução futura no sentido de maior fragmentação política", justificou.
Entretanto, já apareceu em Londres um partido independente e tem como principal agenda política defender uma relação profunda entre o Reino Unido e a União Europeia.