A geração do "número 30". FAP pede "um desígnio nacional pela juventude" ao próximo governo
À TSF, Francisco Fernandes revela que "há casos chocantes" de jovens recém-licenciados que vão para a Alemanha ganhar três mil euros num estágio, enquanto outros já mestres estão a receber mil euros em Portugal.
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O presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Francisco Fernandes, pediu esta quarta-feira "um desígnio nacional pela juventude" ao próximo governo, com o objetivo de ajudar uma geração que pode ser definida num número.
"É o número 30. O poder de compra do licenciado diminuiu 30% desde 2011. Os jovens saem de casa dos pais aos 30 anos. E 30% estão hoje em imigrados. Sendo que o nosso inquérito aponta para os 53% dos estudantes da Academia do Porto que consideram emigrar e este número vai escalando consoante a expectativa salarial. Dos estudantes de ciências e tecnologias, 65% consideram emigrar e isso é algo que necessita de atenção do poder político, porque é mesmo preciso um desígnio nacional pela juventude no próximo Governo", disse à TSF o presidente da FAP.
Francisco Fernandes considera que "há casos muito chocantes" de jovens que "nem sequer acabaram a licenciatura" e vão para a Alemanha "ganhar três mil euros" por um estágio, quando outros jovens já mestres "estão a ganhar mil euros em Portugal". "Pensa-se duas vezes quando se ouve o salário e pensa-se a terceira vez quando se vai ao supermercado", explica.
O problema da habitação, refere o líder da FAP, acompanha os jovens desde o ensino superior até ao mercado de trabalho: "É algo que é absolutamente dramático e que reflete realmente que esta é a primeira geração a viver pior do que a geração imediatamente anterior. Os salários são precários e a habitação é um luxo. Se a habitação é um problema durante o ensino superior, com quartos a preços astronómicos, é também um problema no dia a seguir ao ensino superior. Estamos a falar de apartamentos T1 no Porto que não dão para pagar, às vezes, com dois salários médios de um jovem qualificado e, portanto, torna-se muito difícil sairmos de casa dos nossos pais."
A Federação Académica do Porto defende que a Secretaria de Estado da Juventude deve ficar sob a tutela direta do primeiro-ministro e sublinha que a habitação e o alojamento de estudantes são as despesas que mais pesam e o principal entrave ao ingresso no ensino superios.