"A hipocrisia tem de ter alguns limites." Rio quer situação da Caixa esclarecida

HUGO DELGADO/LUSA
Líder social-democrata lança críticas à esquerda e lembra que foram PS, PCP e BE quem terminou com a comissão de inquérito que investigava a gestão do banco.
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Rui Rio vê "hipocrisia" nas posições de PS, PCP e Bloco de Esquerda em relação ao caso da auditoria à Caixa-Geral de Depósitos e defende a necessidade de uma investigação que leve à clarificação do que se passou. Uma auditoria forense da consultora EY concluiu que muitas das operações de concessão de crédito da CGD foram concedidas apesar dos pareceres desfavoráveis após as análises de risco. As operações levaram a perdas de mais de mil milhões de euros para o banco público.
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Face a estas conclusões, o líder do PSD defende que a situação tem de ser investigada e lamenta que o dinheiro dos impostos dos portugueses tenha sido gasto neste e noutros casos, pelo que exige agora um esclarecimento.
"Não quero acreditar que, no quadro de todos aqueles valores, todo aquele crédito possa ter sido concedido de uma forma clara e limpa que não mereça uma investigação", explicou Rui Rio, reforçando a necessidade de ser feita uma investigação. "O resultado da auditoria - que desconheço - de certeza que diz as condições em que aqueles créditos foram concedidos", admitindo que alguns terão sido atribuídos de forma usual, mas alertando que outros não terão sido arranjados de forma "clara, limpa e normal".
Perante este cenário, Rio não compreende "como é que quer do lado do Ministério Público, quer do Banco de Portugal" não exista uma "tarefa a desempenhar para se perceber que decisões levaram a isto".
E isto, explica Rio "em português para as pessoas lá em casa, são os milhares e milhões de euros que cada um teve de pagar em impostos para pagar tudo isto".
O líder social-democrata entende que, uma vez que existe uma auditoria, o documento deveria estar nas mãos do Ministério Público e do Banco de Portugal, considerando "uma irresponsabilidade" que o Governo tenha os dados em sua posse e não os entregue "a quem de direito para fazer a investigação." Rui Rio ressalva, no entanto, que a passagem de dados poderia não ter sido feita caso o Governo disse que "está em segredo de justiça" e que entregou o que era devido ao Ministério Público.
Tendo em conta a quantia paga pelos portugueses, o líder do PSD critica a reação dos partidos de esquerda, sublinhando que apesar de dizerem estar "muito indignados e que é preciso continuar a investigar, foram os mesmos partidos que decidiram encerrar a comissão de inquérito à gestão da Caixa-Geral de Depósitos". Isto não permitiu que os trabalhos continuassem e "fizesse aquilo que eles agora dizem que é preciso fazer, mas que na altura evitaram que fosse feito". Por isto, Rui Rio defende que a "hipocrisia tem de ter alguns limites - geralmente não tem - mas aqui tem alguns limites. Estão muito indignados, mas foram eles que não permitiram que o Parlamento continuasse."