Questionado pelo PSD, António Costa rejeitou ter conhecimento sobre o documento entregue ao DCIAP, pelo antigo chefe de gabinete de Azeredo Lopes. "Um dia ainda havemos de saber o que cada um sabia".
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O tema de Tancos regressou ao debate quinzenal , com Fernando Negrão, líder da bancada do PSD, a questionar o primeiro-ministro sobre o conhecimento acerca do documento entregue pelo antigo chefe de gabinete do ministro da Defesa, às autoridades judiciais que investigam a eventual encenação da recuperação de armas furtadas no paio de Tancos.
"O Sr. conhecia esse documento?" Costa disse que não e voltou a sentar-se apenas para ouvir nova questão:
"E o Sr. ministro tinha conhecimento?", Aí Costa recostou-se na cadeira, levantou-se e, medindo as palavras, respondeu:
"A informação que tenho é que não tinha conhecimento", disse Costa.
"A informação que eu disponho é que o senhor tenente-general Martins Pereira entregou ao órgão judiciário competente o documento que lhe foi entregue, tendo reafirmado aquilo que disse em público, que quer da conversa, quer da documentação que lhe foi confiada não descortinou qualquer irregularidade da Polícia Judiciária Militar", afirmou o primeiro-ministro.
Em declarações à RTP, o tenente-general Martins Pereira, ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa e atual adjunto do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas para o Planeamento e Coordenação, disse que o seu advogado entregou hoje no DCIAP a "documentação verdadeira".
António Costa acusou o PSD de "atacar" as Forças Armadas ao "partidarizar" a questão militar e insinuou ainda que o PSD tem informações adicionais sobre o documento.
"Como é que sabe se o documento é importante ou não? O que é que sabe que não nos quer contar? Um dia ainda havemos de saber o que cada um sabia sobre este assunto", disse Costa a Negrão.
Face ao esclarecimento do primeiro-ministro, Fernando Negrão considerou "muito estranho que um chefe de gabinete não transmita uma informação desta importância" ao ministro.
Adiante, interpelado por Assunção Cristas, do CDS sobre as "responsabilidade políticas", o primeiro-ministro voltou a segurar o ministro Azeredo Lopes.
"O Sr. ministro da Defesa não estaria aqui se não tivesse a confiança para estar aqui, e se está é porque tem toda a confiança, como já tive ocasião de dizer".
António Costa criticou ainda "quem faz política com base em fugas de informação que são crime".
"Estando em segredo de justiça, ninguém devia conhecer (o documento entregue ao DCIAP) e portanto, em bom rigor, nenhum de nós está em condições de saber se existiu ou não existiu e tendo existido o que é que disse", sublinhou Costa.