A “inquietação” de Ana Catarina Mendes que “despertou” Costa, Marcelo e Durão Barroso: que futuro para a UE?
Tanto António Costa como Marcelo Rebelo de Sousa ou Durão Barroso pedem uma União Europeia mais resiliente e mais competitiva
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Uma obra para assinalar o passado, mas de olhos postos no futuro. António Costa, Durão Barroso e Marcelo Rebelo de Sousa são três das mais de 50 personalidades que assinam textos num livro para assinalar os 75 anos da Declaração Schuman, o ponto de partida para a União Europeia. O livro é coordenado pela eurodeputada Ana Catarina Mendes e lança também um olhar para o futuro da Europa.
Tanto António Costa como Marcelo Rebelo de Sousa ou Durão Barroso pedem uma União Europeia mais resiliente e mais competitiva, desde logo, “reforçando a autonomia estratégica”.
Em declarações à TSF, a eurodeputada Ana Catarina Mendes fala “numa inquietação que desinquietou” todas estas personalidades, numa altura em que “os valores europeus estão em risco com o crescimento da extrema-direita”.
O “mundo está em convulsão” e a eurodeputada “sente que há um ataque à democracia”, numa “inquietação que também despertou a vontade de 52 pessoas”. “Há uma pessoa que, aliás, me respondeu a este repto e eu julgo que isto é muito sintomático, dizendo-me: só tu é que me farias escrever sobre esta grande utopia que é a União Europeia, mas pela qual vale a pena lutar”, revela.
Da esquerda à direita, há várias figuras que assinam o livro, mas também nomes da cultura, como Dino D'Santiago. Ana Catarina Mendes nota que a Europa construi-se com vários olhares, mas com o objetivo comum de “criar um espaço democrático e coeso”.
“Um olhar sobre as migrações, um olhar sobre a defesa, um olhar sobre as alterações climáticas. Acho que todos somos necessários para mostrar que o Partido Comunista, o Bloco de Esquerda, o Partido Socialista, o Partido Social-Democrata podem encontrar-se. Sim, isto é a União Europeia, a junção das várias vozes e a afirmação dos valores da democracia”, nota.
Nos 40 anos da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, a eurodeputada sublinha que esse é um dos principais marcos no desenvolvimento português, embora o principal seja o fim da ditadura, com o 25 de Abril. Acrescenta que os jovens de hoje não teriam as mesmas oportunidades sem a União Europeia.
“A entrada na União Europeia foi um marco extraordinário de possibilidade de abertura de Portugal à Europa e através da abertura de Portugal à Europa, de Portugal ao mundo. Eu não seria o que sou hoje se não tivesse crescido em democracia e liberdade. Eu não seria o que sou hoje, nem a minha geração seria o que hoje é, se não tivéssemos tido a oportunidade de viver no espaço europeu”, sublinha.