André é neto de José Filipe Teixeira, preso n.º 1815, em 1948, num dos processo da PIDE. Na família Teixeira ainda hoje se fazem os croquetes muito pequeninos. Era a única maneira de chegarem inteiros às celas do regime por onde o avô passou ao longo de três anos.
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"A minha avó ía de camioneta, de Mafra a Peniche, visitar o então namorado e o irmão. Eram muito amigos e estavam os dois presos". Começa assim uma das muitas histórias da família Teixeira que o André, de 28 anos, estudante de doutoramento na Faculdade de Letras de Lisboa, partilha com a TSF, num banco de jardim, na Cidade Universitária.
"A minha avó leva-lhes tabaco e comida. Levava croquetes que os guardas da prisão abriam e cortavam para ter a certeza que não havia nada lá dentro que fosse perigoso, proibido".
Quase tudo o que André recorda do avô foi-lhe contado pela avó Lurdes, "quando ele morreu eu ainda nem tinha três anos".
Confirmou que o que às vezes lhe pareciam histórias romanceadas, eram afinal a mais pura verdade. Tudo confirmado em fichas da prisão que acabaram arquivadas, mesmo ali ao lado, na Torre do Tombo.
O que ficou só na história da família Teixeira foi o segredo dos croquetes.
"Como era a minha avó que os fazia, começou a fazê-los muito pequeninos. Assim os guardas já não os cortavam e o meu avô podia comê-los inteiros, intactos".
Ainda hoje é assim à mesa desta família. "Eu também sei fazer estes croquetes miniatura, claro. E garanto que sabem muito melhor!".