Uma prova de vida com disparos em todas as direções, José Sócrates reuniu 400 amigos num restaurante em Lisboa para dizer que "está de volta àquilo que é o debate público em Portugal".
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Do Supremo Magistrado da Nação ao magistrado do Ministério Público, José Sócrates não poupou, esta tarde, nas críticas ao poder político e ao poder judicial.
Num almoço apresentado como sendo "uma celebração da amizade" fica também a marcar a agenda política: "Porque se o objetivo fosse que a minha a voz fosse calada ficam agora a saber que essa voz está de volta àquilo que é o debate público em Portugal".
O antigo líder do PS quer os socialistas a formar governo e por isso vira-se contra o Presidente da República: "É preciso ser muito cínico e ter muito desplante para vir agora dizer ao partido socialista, que se apresenta como uma coligação para responder ao fracasso que foi a apresentação de um governo pela direita, que esse governo que se apresenta como a única solução é um golpe. Golpe deram eles em 2011", o ano em que Cavaco Silva convocou eleições antecipadas depois da queda do governo de Sócrates.
O antigo primeiro-ministro fez um paralelo entre 2011 e 2015 mas agora, na opinião de José Sócrates, Cavaco Silva anda mais preocupado a fazer audiências inúteis. "No fundo o senhor Presidente não pede para as pessoas irem lá dar-lhe conselhos, chama-os lá para que eles falem nas televisões dizendo aquilo que ele quer que eles digam".
José Sócrates adianta que com este tipo de comportamento Cavaco Silva só tem um propósito: "A intenção do senhor Presidente da República com esta demora, com estas audições, não é outra que não seja tentar desacreditar e enfraquecer a solução política de governo que é a única solução politica que o país dispõe".
Justiça
Em relação à justiça, um ano depois de ter sido detido, o antigo primeiro-ministro reafirma que tem a mesma determinação em mostrar que está inocente e que "as acusações foram falsas, gratuitas, sem fundamento e injustas".
Deste modo, José Sócrates promete não se calar agora que, "um ano depois se vê tudo muito mais claro". "Depois de aterrorizarem a minha família" o Ministério Público "não apresenta bem os factos, nem as provas. Não apresentam a acusação".
De resto, para o antigo primeiro-ministro, isso deixa uma má imagem de Portugal no mundo: "Eu não sei se essas pessoas que apresentam como normal tudo isto perante os cidadãos têm a consciência do quanto isto fere aquilo que são os valores fundamentais do Estado de Direito e quanto isto desprestigia internacionalmente o Estado de Direito português".
José Sócrates falou aos seus 400 "amigos" durante meia hora e por várias vezes foi interrompido com aplausos. O antigo primeiro-ministro agradeceu a todos aqueles que se empenharam na sua defesa, naquilo a que chamou de "um movimento cívico".