A "perda irreparável" de uma "voz rebelde" do PS: como é recordado Eurico Figueiredo

Adelino Meireles
Os socialistas Eduardo Ferro Rodrigues e Alberto Martins concordam, em declarações à TSF, que o histórico socialista é uma "grande figura da democracia"
Os socialistas Eduardo Ferro Rodrigues e Alberto Martins reagem na TSF à morte de Eurico Figueiredo, falando num "monumento vivo em homenagem à liberdade, ao regionalismo e à ética na política" e assinalando o seu papel na luta estudantil nos tempos da ditadura. Eurico Figueiredo, histórico do Partido Socialista (PS), morreu este sábado aos 86 anos. Estava internado no Hospital de Santo António, no Porto, há alguns dias e acabou por morrer com gripe A.
O antigo ministro e ex-líder parlamentar do PS Alberto Martins destaca na TSF uma "grande figura da democracia portuguesa, da resistência à ditadura" e também com uma ligação à medicina. "É uma perda irreparável e é uma memória inesquecível para todos nós."
Alberto Martins, que teve um papel central na crise académica de 1969, considera que Eurico Figueiredo fica marcado como um dos maiores líderes da resistência à ditadura por parte dos jovens portugueses.
Por sua vez, numa nota enviada à TSF, o antigo presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues escreve que Eurico Figueiredo representa para si "uma referência como dirigente estudantil e mais tarde como oposicionista à ditadura".
"No PS continuou a ser uma voz rebelde que muitas vezes teve razão antes de tempo. Noutros momentos penso que não teve razão.Vi-o pela última vez nos 60 anos da crise de 62. Já em dificuldades. Mas nesse dia confirmei - estava junto a um monumento vivo em homenagem à liberdade, ao regionalismo e à ética na política."
A morte de Eurico Figueiredo foi confirmada pelo partido de que foi militante desde agosto de 1974, tendo saído em discordância com António Guterres em 1999. Exerceu funções como deputado à Assembleia da República em diferentes legislaturas.
Foi professor catedrático de Psiquiatria e Saúde Pública no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Em 1997 foi condecorado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pelo combate à ditadura e pelo contributo cívico ao país.
