Joaquim Serralha é delegado no XX Congresso do PCP. Há vários anos desenvolve uma paixão: construir réplicas das máquinas agrícolas oferecidas pela União Soviética a Portugal na Reforma Agrária.
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São réplicas construídas em cortiça, à escala, pintadas com as cores originais; reproduções minuciosas dos modelos das cerca de 300 máquinas agrícolas que em 1976 chegaram a Portugal vindas da União Soviética.
Joaquim Serralha começou a fazer tratores e reboques agrícolas em miniatura em miúdo. O dinheiro em casa faltava e Joaquim usava latas de conserva para construir esses brinquedos.
Ao longo dos anos foi aperfeiçoando a técnica e decidiu dedicar-se às máquinas do tempo da Reforma Agrária. Muito mais do que um hobby, é uma missão - "para a história de Portugal, para as futuras gerações".
Até agora, já construiu 14 réplicas, ainda faltam 10. O trabalho já lhe valeu uma exposição na Casa do Alentejo, em Lisboa.
Joaquim, que começou a trabalhar no campo ainda criança e que ainda hoje é trabalhador agrícola, não tem dúvidas que a Reforma Agrária foi "o maior passo de sempre da Agricultura em Portugal". Hoje, olha com desgosto para o presente. "A Agricultura está parada", lamenta, "os grandes grupos económicos espanhóis compram o Alentejo".
Para o delegado do PCP de Montemor-o-Novo, é preciso promover a produção nacional. Mas quando questionado sobre uma nova Reforma Agrária, Joaquim desconfia. "Se realmente existisse, que eu tenho muitas dúvidas, teria de ser uma reforma diferente", diz, "temos de ter o próprio Ministério e a Agricultura toda a querer que vá para a frente".