Nas ruas de Ponta Delgada, a TSF falou com alguns militantes social-democratas para saber as razões do "apagão" do PSD na região. Berta Cabral, candidata em 2012, pede "alternância democrática".
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Foi em outubro de 1996, há exatamente 20 anos, que o Partido Socialista chegou ao poder nos Açores, através de Carlos César, quebrando outros tantos anos de hegemonia social-democrata. Em 2016, as sondagens - que apontam para uma maioria absoluta do PS - vão indicando que o cenário não será diferente durante os próximos quatro anos.
Nas ruas de Ponta Delgada, bem perto e uma arruada do PSD, já na reta final da campanha, a TSF falou com alguns militantes e simpatizantes social-democratas para perceber quais os principais obstáculos encontrados no percurso feito pelo partido, em particular, após a saída de Mota Amaral - líder do Governo Regional entre 1976 e 1995.
Francisco Guedes, diretor de campanha do PSD/Açores, e militante há cerca de 40 anos, não esconde as dificuldades do PSD na região nas últimas duas décadas, justificando a os resultados com aquelas que são as regras da democracia.
"É perfeitamente natural tudo isto, ou seja, os altos e baixos que os novos partidos passaram depois do 25 de abril. É a democracia a funcionar, no fundo é isso", afirma à TSF.
A democracia, as opções de cada eleitor, mas também, sublinha, aquilo que entende como os efeitos da conjuntura nacional na politica açoriana.
"O PSD teve várias circunstâncias, e até mesmo as circunstâncias nacionais não foram benéficas em determinada altura da nossa vida. E a cronologia das nossas eleições regionais com as nacionais leva a que, por vezes, sejamos vítimas da conjuntura nacional. Estou convencido de que foi isso que aconteceu muitas vezes", diz.
Já Dâmaso Vasconcelos, militante e candidato a deputado pelo circulo de São Miguel, considera que se trata apenas da normal sequência de ciclos de poder: "Como tudo na vida, as coisas funcionam, de certa forma por ciclos, e veio a vez do ciclo político que tem sido dominado pelo PS".
Opinião diferente tem Paulo Silva, militante social-democrata desde os tempos de liderança de Mota Amaral, que, ainda que aguarde que, este ano, as eleições signifiquem uma mudança de poder na região, não nega alguns erros de percurso.
"A mensagem que o PSD transmitiu ao longo dos anos não passou, não agradou ao eleitorado, e, nessas coisas, o eleitorado é soberano. Não tivemos a capacidade de chegar às bases, vamos lá ver se é desta", afirma o militante.
Berta Cabral, candidata em 2012, pede "alternância democrática"
Candidata derrotada em 2012, frente ao socialista Vasco Cordeiro, Berta Cabral, dirigente do PS/Açores e deputada à Assembleia da República, prefere não entrar em pormenores sobre o que falhou nas últimas duas décadas.
"Essa é uma pergunta que se pode fazer a quem estava na oposição nos primeiros 20 anos do PSD no Governo, que era o PS, como agora se faz ao PSD. É preciso é chegar à altura em que os eleitores compreendem que é preciso votar no partido que representa a alternativa democrática", diz à TSF.
Para a ex-candidata, não há dúvidas, os eleitores "são soberanos" e se tomaram a decisão de votar num partido diferente do PSD "é porque assim o entenderam".
Ainda assim, insiste: "É urgente que os açorianos compreendam que só têm a ganhar com a mudança e com alternância democrática. 20 anos do mesmo partido é muito tempo em qualquer parte do mundo. Aconteceu isso com o PSD, nos primeiros 20 anos, e foi muito saudável que tivesse havido a alternância democrática", conclui.