Raul Soares da Veiga promete desde já recorrer se a decisão do juiz de instrução for essa.
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O advogado do empresário madeirense Avelino Farinha defende que a eventual prisão preventiva do seu cliente, detido no âmbito do processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira, seria “ilegal”.
Os interrogatórios aos suspeitos ainda decorrem, mas Raul Soares da Veiga deixa desde já a indicação de que vai recorrer se for decretada essa medida de coação.
“Seria uma coisa, do meu ponto de vista, completamente desproporcionada, injustificada e ilegal mesmo, é a minha opinião”, assinalou em declarações à CNN Portugal.
"[Avelino Farinha] está muito bem, muito firme, muito disponível e desejoso de esclarecer tudo", afirmou Raul Soares da Veiga à entrada para o tribunal, manifestando a expectativa de que o interrogatório ao empresário possa estar "a meio", com o Ministério Público (MP) a assumir nesta fase as perguntas.
"Espero que à medida que ele vá explicando as coisas, o MP comece a ver que, de facto, os indícios não são assim tão fortes, que aquilo que parecia, afinal de contas não é, que certos perigos não existem e que chegue ao fim e não peça nenhuma medida de coação detentiva", frisou, continuando: "Não provam aquilo que é alegado. Não sou imparcial, mas acho que há coisas em que o que resulta dos autos é o contrário do que é alegado."
Fonte do tribunal confirmou aos jornalistas que a diligência conduzida pelo juiz de instrução criminal Jorge Bernardes de Melo foi retomada pelas 10h15, após ter sido interrompida no sábado pelas 17h30. Avelino Farinha começou a ser interrogado na tarde de sexta-feira, depois da inquirição ao outro empresário arguido, Custódio Correia, acionista do grupo Socicorreia.
Avelino Farinha, líder do grupo AFA, é um dos três detidos no âmbito da operação que investiga suspeitas de corrupção e outros crimes na Madeira.
O antigo presidente da câmara municipal do Funchal e vice-presidente do Governo Regional, Pedro Calado, também ainda vai ser ouvido e só depois de concluídos os interrogatórios é que o juiz de instrução criminal vai revelar as medidas de coação.
Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido e anunciou a renúncia ao cargo dois dias depois.
Na sequência das buscas, a Polícia Judiciária deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.
