"Afastei-me para não dividir, volto para unir." Seguro distancia-se de Marcelo e Gouveia e Melo, rejeita selos partidários
Dez anos depois, foi com uma casa cheia nas Caldas que António José Seguro deu o tiro de partida para a corrida a Belém: apontou para dois alvos, puxou dos galões, sublinhou o "pacto para a prosperidade" com todos. E mais do que o Conselho de Estado, quer ouvir o conselho do povo. O PS faltou em peso à festa
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António José Seguro afirma-se como o candidato presidencial da união. Afastou-se em 2014 quando podia dividir e regressa agora para unir. Na apresentação oficial, garantiu também que "esta não é uma candidatura partidária, nem nunca será".
Nas Caldas da Rainha não estiveram nomes de primeira linha da direção do PS, mas apareceram, entre outros, Francisco Assis, Maria de Belém, João Soares ou Alberto Martins.
Na apresentação oficial da candidatura à Presidência da República, Seguro afastou-se do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu que o chumbo do Orçamento do Estado não vai implicar eleições legislativas antecipadas e deixou ainda vários recados a Gouveia e Melo, também candidato presidencial.
António José Seguro afastou-se da vida política há uma década, mas regressa agora para a corrida a Belém, justificando que se afastou da vida política "quando podia dividir" e volta "para unir". "Venho com vontade de servir Portugal com seriedade, independência e ação. Sou livre, vivo sem amarras. Não venho pedir nada, venho retribuir muito do que os portugueses me deram", salientou igualmente.
E, embora tenha liderado o PS, o agora terceiro candidato oficial à Presidência da República garante que esta é uma corrida eleitoral à margem dos partidos políticos: "Esta não é uma candidatura partidária, nem nunca será." É, considera, o espaço de todos os democratas. "É a casa de todos os democratas que, num momento difícil do nosso país, se unem para preservar o fundamental, o nosso património comum, o chão que nos permite viver em liberdade e em segurança", sublinha.
E Seguro puxa dos galões da experiência política: foi ministro, secretário-geral do PS, eurodeputado, referindo que não precisa de "aprender no cargo". "Os portugueses conhecem-me, sabem quem sou e de onde venho. Assumo por inteiro e com orgulho o meu percurso e todo o meu passado, transparente e cristalino", disse.
Deixou uma mensagem para o adversário Henrique Gouveia e Melo - que não tem experiência política e a quem faz outro aviso. "Um Presidente da República nunca deve procurar exercer influência direta na cadeia de comando militar" e deve respeitar a "separação de funções entre Presidente, Governo e chefias militares", recusando "poder de comando direto", afirmou.
António José Seguro afasta-se de Gouveia e Melo, mas também de Marcelo Rebelo de Sousa. Se for eleito chefe de Estado, o chumbo do Orçamento do Estado não é sinónimo de eleições: "Quero deixar claro que o chumbo do Orçamento de Estado não implica automaticamente dissolução do Parlamento."
O candidato promete ainda um "pacto para a prosperidade" com todos: "Essa será a minha agenda prioritária, envolvendo todos os partidos políticos, os parceiros sociais, universidades e todos os interessados."
Seguro tem uma agenda prioritária para o mandato, mas assume outras sete preocupações. Desde logo, o compromisso com a justiça social e os Direitos Humanos, pela paz na Europa e em Gaza. O candidato garante ainda que vai ouvir o Conselho de Estado, quando for necessário, mas quer, principalmente, ouvir o conselho do povo.