"Ainda mais parvos pensam que somos." PS diz que Conselho de Ministros no Bolhão foi "arruada", PSD fala em "naturalidade"
No programa da TSF e da CNN Portugal, O Princípio da Incerteza, Alexandra Leitão considera que a reunião do Governo no Porto foi uma "ação típica de campanha", enquanto Pedro Duarte defende-se dizendo que não se deve "estranhar quando um Governo está próximo das pessoas"
Corpo do artigo
A reunião do Conselho de Ministros no Mercado do Bolhão, no Porto, foi um tema quente no programa da TSF e da CNN, O Princípio da Incerteza. Alexandra Leitão acusou o Governo de fazer uma "ação típica de campanha eleitoral", enquanto Pedro Duarte recusa que se estranhe "quando um Governo está próximo das pessoas.
A dirigente socialista acusou o Executivo de fazer uma "arruada" no centro do Porto.
"Já tinha acontecido antes, com inaugurações e situações várias, mas acho que esta situação, de facto, da reunião que não teve muito de Conselho de Ministros no Mercado do Bolhão, no Porto, foi mesmo uma situação que levou a coisa para um patamar diferente. O que se viu nessa reunião foi praticamente uma arruada, aquele tipo de ação típica de campanha eleitoral, numa reunião do Conselho de Ministros sem agenda conhecida. Eu acho que as imagens neste caso falam por si", disse Alexandra Leitão.
Em resposta, Pedro Duarte defendeu que não se pode julgar que o Governo esteja próximo das pessoas: "Num regime democrático evoluído, acho que nós não devemos estranhar quando um Governo está próximo das pessoas e acaba por passear-se numa cidade com naturalidade de quem está no exercício de funções. Não na plenitude, mas em gestão, mas continua, de facto, a poder sair à rua, cumprimentar as pessoas, conversar com os cidadãos. E não é a CNE, julgo eu, nem nenhuma lei que obriga o Governo a de repente se enclausurar e não poder contactar com o povo. Acho que isso não acontece de lado nenhum, nem faz qualquer sentido."
O ministro afirmou que não foi a primeira vez que o Executivo fez uma reunião do Conselho de Ministros descentralizada.
"Eu recordo que foi uma prática deste Governo desde o início fazer este tipo de Conselhos de Ministros. Eu vou citar de memória, mas eu lembro-me de ter estado em Oliveira de Azeméis, no Entroncamento, Costa de Caparica, Óbidos, Braga, agora Porto. Estar-me-ão a faltar algumas. Foram Conselhos de Ministros descentralizados que foram feitos e em que em todos eles aconteceu o que aconteceu aqui, que é, de facto, aproveitar-se para haver um contacto com a população que é muito residual, é mínimo, porque o tempo não dá para mais", argumentou o ministro dos Assuntos Parlamentares.
Por sua vez, Pacheco Pereira considerou que o Governo pensa que os portugueses são "parvos": "Eu sou do Porto, eu conheço o Bolhão como era antes e como é agora. Hoje é uma coisa muito mais sofisticada e, portanto, embora alguns comerciantes venham de antes, a população e o próprio espaço do Bolhão não são a mesma coisa que eram no passado. Mas aquilo é no centro do Porto. Eu não sei qual é a sala do Conselho de Ministros no Porto. Eu não sei qual foi a sala onde fizeram o Conselho de Ministros. ['No próprio Mercado do Bolhão', respondeu Pedro Duarte]. Então ainda mais parvos pensam que nós somos."
O comentador referiu que o Governo já está a "em campanha eleitoral" há um ano.
"Isso, evidentemente, o PSD faz e os outros partidos também fazem. O PS no passado também já teve problemas de natureza idêntica, mas mais vale assumir que o Governo está em campanha eleitoral, como esteve praticamente todo o ano, quer pelas medidas que tomou, quer pelo discurso público, quer pelas idas aos vários sítios que agora nomeou", concluiu.