Partidos só começam a ser ouvidos quando o Governo regional for demitido e a reunião do conselho regional do PSD/Madeira para escolher o sucessor foi cancelada.
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O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, pediu a sua demissão ao representante da República na Madeira, anunciou Ireneu Cabral Barreto.
"Eu aceitei a demissão do senhor Presidente, mas ainda não o demiti", esclareceu, explicando que Albuquerque "vai agora analisar a sua situação".
O líder regional demissionário não apresentou nomes candidatos à sua sucessão e os partidos só vão ser ouvidos depois de o Governo ser demitido.
Questionado sobre os prazos para a decisão, Cabral Barreto explicou que vão ser analisados "os interesses da região" e será depois tomada uma decisão num momento que pode ser anterior ou posterior à aprovação de um orçamento.
"Estou a ponderar a melhor altura para que produza efeitos. Pode ser que seja ainda esta semana, pode ser que seja só depois do Orçamento aprovado. Neste momento, a data está em aberto", acrescentou.
"O que posso prometer é que, quando houver um Governo de gestão, iniciarei o processo de auscultação dos partidos tendo em vista a eventual nomeação de um Governo, ou não", apontou.
Escolha do sucessor adiada
Por seu lado, Miguel Albuquerque apontou que não é possível gerir a Madeira "por duodécimos" num momento em que há, com PRR e quadro comunitário de apoio, 2170 milhões de euros para gerir.
"A minha disponibilidade e o meu desprendimento é total, quero dizer que neste momento não estou agarrado de maneira nenhuma ao cargo", garantiu Albuquerque, recusando ser um obstáculo à "estabilidade política da região".
Sobre o PSD/Madeira, esclareceu que se mantém na liderança "até haver um congresso", que vai ainda ser marcado.
A reunião do conselho regional foi anulada e Albuquerque também já não volta ao lugar de deputado regional, voltando apenas à sua "vida privada" e a reuniões internas "com a cúpula" do partido.
O presidente do Governo Regional anunciou na sexta-feira que iria renunciar ao cargo, dois dias depois de ter sido constituído arguido no âmbito de um processo em que são investigadas suspeitas de corrupção na Madeira e que levou à detenção do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), e de dois empresários ligados ao setor da construção civil e do turismo.
De acordo com o artigo 62.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira, implica a demissão do executivo "a apresentação, pelo presidente do Governo Regional, do pedido de exoneração".
A Madeira realizou eleições para a Assembleia Legislativa Regional em 24 de setembro, pelo que uma eventual dissolução pelo Presidente da República só poderá ocorrer depois de 24 de março, segundo a lei, que impede os parlamentos de serem dissolvidos durante seis meses após eleições.