"Alguém votou por mim." CNE regista queixas de quem tentou votar, mas foi impedido de o fazer
O porta-voz da CNE afirma que em eleições anteriores sempre aconteceram situações deste género, mas, desta vez, com o sistema informático assume uma "dimensão maior", visto que, "havendo um erro na descarga, não há hipótese de voltar para trás"
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No dia das eleições para o Parlamento Europeu registaram-se casos de cidadãos que não puderam votar, alegadamente porque quando chegaram à mesa de voto o seu nome já tinha sido descarregado nos cadernos eleitorais. Uma eleitora contou à TSF que se inscreveu para votar antecipadamente, mas, a 2 de junho, dia do voto antecipado, por motivos pessoais não o pôde fazer. Nesse sentido, acabou por votar em mobilidade no dia 9 de junho. "Depois de ter apresentado o meu número de cartão de cidadão, disseram-me que não poderia votar, porque o meu voto já tinha sido inserido nas urnas e alguém tinha votado por mim", conta.
O "seu" voto terá sido efetuado no dia 2 de junho e selado com uma etiqueta. "Não me deixaram exercer o meu voto, tal como está na Constituição", lamenta.
"Apresentei reclamação junto da Comissão Nacional de Eleições e fico a aguardar informação", afirma.
CNE confirma quase uma dezena de queixas
O porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE) confirma que recebeu queixas de eleitores que chegaram às mesas de voto e já tinham o seu nome descarregado nos cadernos eleitorais.
"Nós temos reporte de algumas situações desse género (...). Chegaram duas ou três no dia das eleições e depois, nos dias seguintes, na segunda e terça-feira, chegaram mais algumas", admite Fernando Anastácio. "Estamos a falar de uma dezena ou pouco mais de situações", revela.
Segundo o porta-voz da CNE, o sistema vai dizer onde é que isso aconteceu, onde é que o leitor foi descarregado, a que horas e em que mesa. "É uma informação a posteriori, que não resolve o problema da pessoa", considera. O porta-voz da CNE afirma que em eleições anteriores sempre aconteceram situações deste género, mas, desta vez, com o sistema informático assume uma "dimensão maior", visto que, "havendo um erro na descarga, não há hipótese de voltar para trás".
A CNE quer perceber o que aconteceu nestes casos e vai elaborar um relatório no prazo de três meses. O porta-voz da Comissão Nacional de Eleições admite que na mesa de voto é necessário que duas pessoas confirmem a identidade do eleitor, "mas sempre aconteceu e desta vez voltou a acontecer".
"Nós, Comissão Nacional de Eleições, vamos analisar esses casos todos que nos colocaram e vamos ver a origem deles, tentar perceber o que aconteceu", refere. "A lei prevê, inclusive, um relatório que vai ter de ser elaborado 90 dias depois do ato eleitoral", adianta. Fernando Anastácio afirma que a CNE vai "sinalizar a questão" para tentar dar garantias de que se encontra uma solução para estes erros.